Emissão Renascença | Ouvir Online

Estado vai cobrar menos ao Novo Banco do que cobrou aos outros bancos

04 ago, 2014 • Eunice Lourenço

Juros dos 4,4 mil milhões emprestados ao fundo de resolução devem ser iguais ou próximos aos que Portugal paga à "troika".

Estado vai cobrar menos ao Novo Banco do que cobrou aos outros bancos

O Estado não pretende ganhar dinheiro com o empréstimo que será feito ao Novo Banco que sucede ao Banco Espírito Santo. A negociação ainda não está fechada, mas a Renascença sabe que os juros do empréstimo de cerca de 4,4 mil milhões de euros para a recapitalização do banco devem ficar abaixo dos 4%.

Os juros vão ser “iguais ou muito próximos” do juro que é pago à “troika”, disse à Renascença fonte ligada a este processo.

Os juros devem andar na ordem dos 3,5% - em média, o que Portugal paga à "troika".

Estes 4,4 mil milhões são emprestados pelo Tesouro ao fundo de resolução da banca que é o dono do Novo Banco, resultante da divisão do BES, e fazem parte da linha de recapitalização da banca criada com parte do empréstimo feito pela "troika" a Portugal. Essa linha tinha, inicialmente, 12 mil milhões.

O BPI e o BCP ficaram sujeitos a taxas que vão de 8,5% no primeiro ano do empréstimo a 10% no último ano. O Banif, que em Janeiro de 2013 recorreu a empréstimo de 1,1 mil milhões, teve de pagar anda mais: teve uma taxa de juro de 9,5% no primeiro ano, 9,75% no segundo, 10% no terceiro, 10,5% no quarto e 11% no quinto e último ano.

Devido a estas taxas de juro, os bancos têm tentando pagar rapidamente os empréstimos pedidos ao fundo de recapitalização. Foi o que já fez o BPI, que tinha pedido 1,5 mil milhões. O BCP, que pediu 3,5 mil milhões, já pagou mais de metade.

É "razoável", diz CDS
O CDS defende essa disparidade de juros, com a diferença de situações. 

“É preciso ver que as situações anteriores são situações de recapitalização em que existia, pelo menos em teoria, algum perigo relativamente à posição do Estado e, naturalmente, dos contribuintes. O mesmo não sucede nesta situação de resolução em que o risco corre todo por conta do sistema financeiro. Por isso mesmo parece-nos razoável que os juros pagos ao Estado sejam equivalentes aos juros pagos à 'troika'”, afirmou o dirigente Diogo Feio.

Os juros e os prazos do empréstimo feito ao Novo Banco são duas das perguntas que o PS quer ver respondidas pela ministra das Finanças.

Os socialistas já pediram a marcação urgente de uma reunião da comissão permanente da Assembleia da República para ouvir Maria Luís Albuquerque. PSD e CDS não se opõem à sua marcação.