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Governo pondera participar na recuperação do BES

01 ago, 2014

Os prejuízos superiores ao esperado e a forte desvalorização das acções levam as autoridades a equacionar uma intervenção estatal.

O Banco de Portugal e Governo estão a avaliar a possibilidade de uma intervenção pública no Banco Espírito Santo. A notícia é avançada na edição desta sexta-feira do jornal “Público”.

Apesar do anunciado interesse de privados, os prejuízos acima das piores expectativas e a hecatombe dos títulos do BES em bolsa podem motivar uma mudança de estratégia.

O jornal revela que o Estado se prepara para ter um papel decisivo na resolução do problema e, no processo, podem ser envolvidos a gestão do BES, o Banco de Portugal e o Governo.

Também na edição desta sexta-feira do "Jornal de Negócios" lê-se que "a equipa de Vítor Bento está a fazer tudo para evitar o apoio público, mas que a solução que está a ser trabalhada no Banco de Portugal, com conhecimento do Governo, prevê a participação de fundos públicos". "Alguns interessados apoiam a solução mista", acrescenta o jornal.

De acordo com o "Público", o objectivo é encontrar um desfecho rápido que possa estabilizar o banco, numa altura em que se julga que as suas necessidades de financiamento se situem entre os três mil e os quatro mil milhões de euros - mais de metade do seu capital -, em que os clientes dão sinais de inquietação e em que as cotações caem a pique.

"Impactos"
A hipótese de o Estado apoiar o banco foi afastada em diferentes momentos pelo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, e pela ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, mas, esta quinta-feira, surgiu um primeiro sinal de um eventual recuo, com declarações do ministro da Presidência. No final do Conselho de Ministros, Marques Guedes admitia "potenciais impactos para a economia”, se a crise no Grupo Espírito Santo se acentuar. O ministro não excluiu uma participação do Estado na recapitalização do banco.

Neste contexto de particular fragilidade e incerteza, são exigidas respostas rápidas para evitar a insegurança e a contaminação da confiança dos clientes. Daí, escreve o “Público”, as autoridades (Banco de Portugal, Governo, Europa e gestão do BES) estarem a estudar, pela primeira vez, como é que, dentro do novo quadro jurídico, criado pela União Bancária, o Estado pode intervir no BES.

O jornal alude a várias hipóteses: a emissão de uma garantia pública, apoio formal à nova gestão, separação dos activos tóxicos para serem geridos na esfera pública e venda da parte rentável e ainda a injecção de fundos estatais ou a recapitalização pela linha criada pela “troika”, ainda em vigor.

Nas suas declarações públicas, o primeiro-ministro sempre disse que cada um deve pagar pelos seus erros e que não podem ser os contribuintes a pagar os erros da banca.

[notícia actualizada às 8h16]