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Banco de Portugal faz "limpeza" no BES

31 jul, 2014

Supervisor suspende “com efeitos imediatos, os membros dos órgãos de administração com os pelouros de auditoria, compliance e gestão de riscos, bem como os titulares do órgão de fiscalização”. Maior accionista perde direito de voto.

Banco de Portugal faz "limpeza" no BES

O Banco de Portugal ordena a substituição dos responsáveis pelos departamentos de auditoria, gestão de riscos e fiscalização do Banco Espírito Santo (BES) e retirou o direito de voto ao maior accionista do banco, o Espírito Santo Financial Group (ESFG).

Na sequência do anúncio de prejuízos históricos no BES, o banco central emitiu um comunicado no qual informa que suspende “com efeitos imediatos, os membros dos órgãos de administração com os pelouros de auditoria, compliance e gestão de riscos, bem como os titulares do órgão de fiscalização”.

“A substituição destes membros deverá ser assegurada por proposta dos accionistas, com eventual cooptação pelos membros em funções”, afirma a entidade dirigida pelo governador Carlos Costa.

O Banco de Portugal vai “designar uma comissão de fiscalização” composta por quadros superiores da empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers, até que os accionistas do BES  “promovam a substituição dos membros da comissão de auditoria”.

O supervisor determinou a inibição do direito e voto do Espírito Santo Financial Group (ESFG), que é o maior accionista do BES, com 20,2%, e da sua sub-holding Espírito Santo Financial (Portugal).

Além destas medidas, o Banco de Portugal ordenou um aumento de capital do BES, entretanto já foi anunciado pela nova administração liderada por Vítor Bento.

Mais 1,5 mil milhões de perdas detectadas em duas semanas
O Banco de Portugal refere que, apenas na segunda quinzena de Julho, antes de a nova administração de Vítor Bento chegar ao banco, foram adicionadas aos resultados cerca de 1,5 mil milhões de perdas pelo auditores externos.

O regulador fala em “gestão gravemente prejudicial” aos interesses do BES e em claro incumprimento do que tinha sido determinado pelo banco de Portugal.

Para avaliar as responsabilidades individuais, incluindo as do anterior presidente executivo Ricardo Salgado e administrador com pelouro financeiro Morais Pires, o banco central recorda que decorre uma auditoria forense. "Caso se confirme a prática de ilícitos, serão extraídas as necessárias consequências em matéria contraordenacional e, porventura, criminal", sublinha.

O Banco Espírito Santo (BES) acumula prejuízos de 3.577,3 milhões de euros, indicam os resultados do grupo relativos ao primeiro semestre do ano. Os prejuízos históricos anunciados esta quarta-feira à noite são os piores alguma vez registados por um banco português.

[notícia actualizada às 00h26]