30 jul, 2014
O Banco Espírito Santo (BES) acumula prejuízos de 3.577,3 milhões de euros, indicam os resultados do grupo relativos ao primeiro semestre do ano. Os prejuízos históricos anunciados esta quarta-feira à noite são os piores alguma vez registados por um banco português.
"Factores de natureza excepcional ocorridos durante o corrente exercício determinaram a contabilização de prejuízos, de imparidades e de contingências que se reflectiram num prejuízo de 3.577,3 milhões de euros (-3488,1M€ no 2º trimestre)", diz o relatório, divulgado no "site" da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (em PDF).
O número fica acima das estimativas mais pessimistas e da almofada financeira de 2,1 mil milhões de euros criada para acomodar a exposição ao Grupo Espírito Santo (GES).
As contas do buraco
O BES justifica estes resultados negativos com provisões que teve de fazer para fazer face à exposição que tem ao Grupo Espírito Santo.
Por outro lado, ficaram por cobrar juros no crédito concedido ao BES Angola, aumentou o risco na carteira de crédito e surgiram imparidades na participação na Portugal Telecom, entre outras situações.
Sobre a exposição ao Grupo Espírito Santo, as contas agora reveladas apontam para mais de 1,5 mil milhões de euros, só contando com as "holdings". A exposição a todo o grupo, incluindo seguradoras, ronda os 1,8 mil milhões de euros.
Depois há ainda a subscrição de dívida por clientes: são mais 1,1 mil milhões de euros no retalho e outros 2 mil milhões através de clientes institucionais.
Ainda pelas contas do primeiro semestre, os capitais próprios caíram mais de 40% e os activos mais de 3%. O crédito a clientes aumentou ligeiramente e os depósitos desceram 5,2%.
As provisões para crédito aumentaram, assim como o crédito em risco e o custo desse risco, que passou de 2,2 para 8,3%.
Os prejuízos resultam de imparidades no valor de 4,3 mil milhões de euros, no primeiro semestre. A administração acredita que "o reforço [de provisões] realizado fortalece o balanço, cria condições para a recuperação económica do grupo e mitigará os futuros impactos do AQR (Asset Quality Review) em curso".
“Durante o mês de Junho concretizou-se uma operação de aumento de capital do BES de 1.045 milhões de euros, fazendo elevar o respectivo capital social para 6.085 milhões de euros, representado por 5.624.962 mil acções”, diz o banco, agora liderado por Vítor Bento.