30 jul, 2014
O presidente da Câmara de Braga revela que a situação financeira do município é de "descalabro" e considerou que a gestão dos anteriores executivos socialistas foi "claramente criminosa".
Ricardo Rio, eleito pela coligação PSD/CDS/PPM, falava esta terça-feira, na apresentação de uma auditoria às contas do universo municipal.
O autarca alertou, em conferência de imprensa, para a possibilidade de a autarquia ter que vir a ser sujeita à "intervenção de terceiros" perdendo assim a "autonomia financeira" e a capacidade de investimento do município estar "fortissimamente comprometida por muitos e muitos anos".
"A Câmara está num contexto de descalabro financeiro, com um nível de endividamento desmesurado que tem como consequência lógica uma capacidade de investimento fortissimamente comprometida por muitos e muitos anos", disse Ricardo Rio.
Segundo o autarca, a "forma" como os executivos socialistas geriram a autarquia é "claramente" uma "forma criminosa de gerir recursos públicos" prometendo por isso enviar para o Ministério Público as conclusões da referida auditoria.
Segundo a auditoria realizada pela PricewaterhouseCoopers, o ex-presidente da autarquia Mesquita Machado deixou um passivo de mais de 250 milhões de euros, sem incluir
processos judiciais em curso, que podem rondar os 20 milhões de euros.
A parceria público-privada relativa à gestão de equipamentos desportivos, designadamente relvados sintéticos em várias freguesias, o passivo é de 103 milhões de euros, indica a auditoria.
"Auditoria feita à medida"
O antigo presidente da Câmara de Braga já reagiu. Mesquita Machado considera que foi uma auditoria "feita à medida" e por isso com "erros". Garantiu que "nada foi escondido".
“Esta auditoria é um fato à medida mas está todo roto", disse, apontando que "a empresa auditora confunde dívida com passivo e não inscreve receitas que devia inscrever".
Mesquita Machado explicou, "por exemplo", a verba de 57 milhões de euros relativa a fundos comunitários inscrita como passivo: "Os fundos comunitários têm que entrar como passivo para serem amortizados em função da idade dos investimentos. Mas isto a auditoria não explica. Só soma".
O ex-autarca apontou também um valor de 2 milhões de euros relativos a subsídios de férias de 2014 que aparecem "nestas contas que são até 2013".
Mesquita Machado defendeu assim que o valor de passivo apontado nesta auditoria "é falso" e que deixou a autarquia com um passivo "59 milhões de euros mais 9 milhões de um acordo de dívida com a Caixa Geral de Depósitos", em Outubro de 2013.
"O município goza de boa saúde financeira. Prova disso é que quando saí a Câmara estava a pagar a 29 dias", disse.
Sobre a acusação de gestão criminosa por parte de Rio, o ex-autarca deixa um desafio. "Acusa? Que o prove", declarou.