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Crise no Espírito Santo. Bruxelas receia contágios, mas confia na resolução do problema

11 jul, 2014 • Daniel Rosário

Ao que a Renascença apurou, a Comissão Europeia está preocupada com possíveis contágios, mais do que com a solidez do banco.

A Comissão Europeia acompanha de perto a situação no BES e a volatilidade que a mesma está a provocar nos mercados e acredita que quaisquer problemas serão geridos de forma rápida e eficaz.

Numa declaração oficial, o porta-voz do comissário europeu responsável pelos Assuntos Económicos e Monetários ressalva que não comenta a situação de instituições específicas, mas sublinha que o sistema financeiro português foi significativamente reforçado nos últimos anos, tanto em termos de liquidez, como de supervisão.

Ao que a Renascença apurou, não é tanto a solidez financeira do BES que preocupa Bruxelas, mas sim o potencial de contágio de toda a situação. Uma contaminação reforçada pela falta de clareza das relações entre as diferentes entidades do conglomerado financeiro que é o Grupo Espírito Santo e de que o Banco é apenas uma parte. E pelo facto de as diferentes entidades terem participações umas nas outras e envolveram ainda outras empresas, como a Portugal Telecom.

De acordo com várias fontes europeias, a questão do modelo de governação do grupo chegou a ser suscitado pela “troika” junto das autoridades portuguesas, com os credores a pressionarem no sentido de uma maior simplificação e transparência, precisamente um dos aspectos que parece estar na origem da actual crise.

Por outro lado, a reacção dos mercados, que já está a ter repercussão nos juros da dívida portuguesa, ainda não preocupa e até é vista como salutar, na medida em que serve de aviso para decisores políticos, económicos e financeiras sobre a fragilidade de toda a situação.

Bruxelas lembra que, caso a situação se deteriore de forma acentuada e o Estado seja chamado a intervir, o governo dispõe de mais de seis mil milhões de euros do resgate financeiro que eram destinados à banca que ainda não foram usados e que, em princípio, seriam mais que suficientes para acomodar a actual crise.