23 abr, 2014
Uma entidade independente vai estar em Portugal para avaliar a implementação do programa de ajustamento. Os resultados dessa apreciação serão conhecidos daqui a seis meses.
A informação foi avançada pela "troika" que esteve reunida, esta quarta-feira, com os parceiros sociais.
A novidade não foi bem acolhida pelas centrais sindicais. Para o secretário geral da CGTP, Arménio Carlos, esta entidade independente é mais um polícia para controlar Portugal: “Aquilo que o representante do FMI disse é que é essa entidade independente que vai continuar a fazer a avaliação das políticas decorrentes após o fim do memorando. Ou seja, nós vamos continuar a ter um polícia. Não conhecemos a cara do polícia, mas já sabemos que é independente. Não conhecemos a farda, mas já sabemos que ele está aí”.
Já a UGT não concorda, mas não se opõe. “Não temos nada a objectar, mas não temos necessariamente que concordar com essa matéria. Aliás, o senhor Subir Lall, na intervenção final que fez, disse claramente que a partir do momento da saída da 'troika' cabe aos portugueses, ao Governo, aos parceiros sociais e a cada um de nós decidir qual o futuro que queremos para o país”, explicou o líder da central sindical, Carlos Silva.
Opinião oposta tem a Confederação Empresarial de Portugal (CIP). O presidente da organização empresarial, António Saraiva, considera importante perceber o que correu mal.
“Este programa de ajustamento tem que ter uma avaliação isenta e que dessa avaliação resulte obter as mais-valias, fazer as correcções que a economia portuguesa tem de sofrer e verificar de bondade do programa de ajustamento e dos desvios que se verificaram”, defendeu.
Na reunião desta quarta-feira, os chefes de missão da "troika" passaram duas horas e meia com os parceiros sociais. O encontro foi dominado pelo tema da flexibilização laboral. No entanto, patrões e sindicatos garantem que os representantes dos credores não foram claros quanto às medidas que esperam ver implementadas.
“Recordo que entre as metas iniciais e os objectivos que se atingiram não deixámos de verificar que a dívida pública aumentou, que o peso da dívida pública no PIB aumentou, que o crescimento não foi tao significativo como se esperava e que o desemprego continua a ser quer social quer economicamente desajustado”, acrescenta António Saraiva.