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Leilão da dívida com taxa mais baixa desde Outubro 2006

23 abr, 2014 • Filipe d’Avillez

Portugal conseguiu colocar toda a dívida que pretendia, tendo garantido uma procura superior à oferta e uma taxa de juro de 3,575%. Pedro Passos Coelho diz que o resultado dá confiança para o futuro.

Portugal conseguiu colocar, esta quarta-feira, toda a dívida que pretendia no leilão que decorreu esta manhã, às 10h30.

O leilão pode ser considerado um sucesso, uma vez que a procura excedeu em muito a oferta e a taxa de juro conseguida, de 3.575%, está abaixo da taxa de Outubro de 2006. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública pretendia alcançar um financiamento entre 500 e 750 milhões de euros, com uma taxa de arranque de 5,65%.

Pedro Passos Coelho já reagiu a esta notícia, considerando-a boa e dizendo que ela dá "bastante confiança, olhando para o futuro".

Recorde-se que Portugal foi obrigado a recorrer à ajuda externa quando, em Novembro de 2010 e Janeiro de 2011, a taxa de juro se aproximou dos 7%. Este foi o primeiro leilão desde a intervenção da “troika” sem o apoio de sindicatos bancários, que garantem não só uma taxa de juro máxima como a colocação de uma certa quantidade de títulos do tesouro.

Ouvido antes do leilão pela Renascença, o corretor Pedro Lino, da Dif Broker, previa uma operação bem sucedida, mas alertava para o facto de estar em jogo uma quantia bastante pequena: “Neste momento, ninguém vai sentir o efeito, porque o que interessa é se no período pós-troika conseguimos emitir a taxas de juro baixas”.

“Não são montantes de 750 milhões de euros, são montantes de 10 mil milhões a cada semestre, 20 mil milhões por ano. Isso sim é que são montantes que, se conseguirmos colocar a taxas mais baixas, vão dar um indicador de confiança a outros investidores para que comprem dívida a outros sectores da banca e essa sim, se a taxa dos bancos continuar a baixar, vamos ter uma repassagem para o sector produtivo da economia, os industriais, os empresários e os próprios consumidores”, conclui.

Mas o sucesso da operação reforça a ideia de que Portugal está em posição para se financiar sozinho e que pode, por isso, obter uma saída “à irlandesa” do programa de ajustamento.