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Portugal não é digno de crédito até 2025, defende especialista

29 mar, 2014

Pedro Bringe do Amaral diz que a dívida da banca nacional decorrente da especulação imobiliária vai prolongar a agonia económica do país. Programa de vistos "gold" é "obsceno e pornográfico".

"Até 2025, Portugal não é digno de crédito". A convicção é manifestada por Pedro Bringe do Amaral, professor do Instituto Politécnico de Coimbra e perito em mercado imobiliário.

No Porto, este sábado, numa iniciativa da delegação portuguesa da Organização Transparência e Integridade, o analista de mercado imobiliário referiu que a dívida da banca nacional, decorrente da especulação imobiliária, vai prolongar a agonia económica do país.

"Enquanto colectivo, estamos como aqueles fidalgos arruinados que podem ter uma grande herdade, mas devem mais dinheiro do que o que a herdade vale", compara.

A situação, prosseguiu, vai durar pelo menos mais 11 anos. "Até 2025, não somos dignos de créditos – ninguém nos empresta capital e precisamos desse capital para investirmos nos sectores produtivos da economia", prevê.

Pedro Bringe do Amaral acusa a banca nacional de ter alimentado de forma oficial o mercado imobiliário, alimentado a "bolha" do sector. Para o especialista, o sector bancário está a ser alvo de um resgate "subtil" financeiro "encapotado", através da emissão de obrigações do tesouro que só os bancos portugueses estão autorizados a comprar.

Um verdadeiro "oligopólio", acusa Bringe do Amaral, que põe a dívida pública "ao serviço" dos bancos".

Para este professor do Politécnico de Coimbra, a atribuição de vistos "gold" não vai resolver o problema da bolha imobiliária em Portugal porque só "contam para o segmento de luxo".

Diz mesmo que o programa de Autorização de Residência para Actividade de Investimento é "obsceno e pornográfico". "São uma espécie de prostituição do país. Acho verdadeiramente obsceno que um desgraçado que venha numa jangada a atravessar o Estreito de Gibraltar seja recebido a tiro e não tenha onde cair morto e um desgraçado que venha do mesmo país, mas no qual se tenha locupletado com a corrupção, consiga comprar uma casa de luxo aqui, um visto e, passados uns anos, a nacionalidade."