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Cursos de dois anos aprovados hoje. Empresários querem vertente prática

06 fev, 2014

Governo quer dar responder mais eficaz às necessidades das empresas. Estudantes ficam com o diploma de técnico superior profissional.

O Governo aprovou hoje, em Conselho de Ministros, os cursos superiores com apenas dois anos. A medida visa dar resposta a áreas e necessidades das empresas.

Os cursos vão funcionar nos institutos politécnicos e são dirigidos aos alunos que acabam o secundário na via profissional.

“São cursos de dois anos em que o primeiro ano é uma formação geral, típica de uma educação superior, e o segundo ano tem um primeiro semestre de formação profissional e um segundo semestre de estágio numa empresa”, explica o secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes.

Podem candidatar-se os jovens com mais de 18 anos, através de uma prova de acesso.

O Governo quer que os cursos estejam a funcionar no próximo ano lectivo, em Outubro, mas o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, Joaquim Mourato, mostra-se inquieto face às dúvidas que ainda existem, nomeadamente no que toca ao financiamento. Admite, por isso, alterações ao diploma.

“Se encontrarmos questões que não possam ser ultrapassadas, provavelmente terá que se ser alterado antes de ser implementado”, diz Joaquim Mourato. “Neste momento o que para nós é crítico é o financiamento dessa formação e o seu posicionamento no ensino superior.”

O Governo diz que o financiamento vai ser assegurado pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) e que os alunos que acabam os cursos ficam com um diploma de técnico superior profissional.

Os estudantes ficam, assim, em apenas 24 meses, aptos a entrar no mercado de trabalho.

São os institutos politécnicos que escolhem as áreas de formação e o número de vagas, de acordo com as necessidades das empresas da região.

O que dizem os empresários
O presidente da Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei), onde existe um instituto politécnico, concorda com os cursos de dois anos, desde que preencham determinadas lacunas e sejam nas áreas comercial, de marketing e vendas – “importantes para as empresas conseguirem desenvolver as suas actividades”.

Mas há outras, como “administração, gestão e secretariado; a informática e a informática de gestão; e depois temos as áreas ligadas à produção: mecânica, gestão da produção e de energias renováveis”, refere à Renascença Jorge Santos.

Em termos técnicos, o presidente do Nerlei destaca a electricidade, a electrónica e a mecatrónica.

Jorge Santos sublinha ainda a necessidade da componente prática dos cursos, até porque muitas licenciaturas não a têm. “Estes cursos intermédios podem e devem preencher essas necessidades intermédias”, defende.

Para o presidente da Nerlei, é importante que os formandos possam, se quiserem, seguir os seus estudos ao nível superior, uma vez que as chamadas “meias licenciaturas” não conferem grau académico.

A Renascença encontrou, porém, opiniões diferentes na zona industrial de Viseu, em Coimbrões, onde a maioria dos empresários não gosta da ideia de um curso com duração de dois anos.

Quanto às áreas, concordam que a comercial e a das novas tecnologias são as que reclamam mais formação.


[notícia actualizada às 14h55]