09 jan, 2014
A emissão de dívida a cinco anos que a ministra das Finanças anunciou na quarta-feira vai ser realizada esta quinta de manhã. A informação é dada à Renascença pelo administrador da corretora DIF Brokers, Pedro Lino.
Trata-se de uma linha de obrigações do tesouro já existente e que o Governo decidiu agora reabrir. “Portugal vai reabrir a linha de 2019 com uma taxa de juro de 4,75%”, acrescenta Pedro Lino.
O valor da emissão deve rondar os três mil milhões de euros e pode chegar aos 3,5 mil milhões. “Portugal não pode emitir um montante muito superior a 3,5 mil milhões, porque isso originaria um reembolso muito elevado e concentrado em 2019, algo que os investidores vêem com maus olhos”, explica o analista.
A linha de dívida pública termina em 2019, ano em que o Estado tem de reembolsar os investidores em 7,6 mil milhões de euros. Com a emissão de hoje, e partindo do princípio que são colocados três mil milhões, o valor do reembolso vai superar os 10 mil milhões.
A operação de hoje serve para, a pouco mais de quatro meses de acabar o programa de ajustamento, Portugal perceber qual a sua capacidade de se financiar nos mercados a taxas razoáveis depois de 17 de Maio.
Quanto ao momento para ir ao mercado, o analista considera não existir um ideal, mas que esta é uma boa altura para aproveitar, uma vez que os investidores estão a começar a olhar para “Portugal, Espanha e Irlanda como países que podem voltar a crescer este ano”.
Na opinião do economista João César das Neves, esta emissão de dívida é uma boa notícia, mas ressalva alguma cautela. “É preciso dizer que o problema está longe de estar resolvido, porque a situação financeira internacional continua muito frágil e Portugal é uma das zonas mais vulneráveis”.
“Mas é um processo que vem de trás, um trabalho muito longo feito pelas Finanças portuguesas e é um bom resultado. São sinais tímidos e iniciais, mas são crescentes de que a situação está a mudar e o país está a sair da situação dramática”, sublinha.
João César das Neves considera que o montante de três mil milhões de euros é significativo e constitui um passo importante para o financiamento em 2014.
“O Estado precisa resolver o seu problema de fundo que é gastar muito mais do que devia, mas pelo menos os mercados já acreditam que Portugal consegue pagar”, comenta.