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Bilderberg

Obscuros ou preocupados?

05 jun, 2013 • Celso Paiva Sol

Está aí mais um encontro Bilderberg, que começa esta quinta-feira e que se prolonga até domingo. Há muitas dúvidas e poucas certezas sobre estas reuniões, que levam quase seis décadas. Há quatro portugueses envolvidos este ano.

Afinal, o que é o grupo Bilderberg? Há quem lhe chame o Governo do mundo, capaz de orientar o rumo da economia, de influenciar governos e empresas e de condicionar a evolução de preços e transacções. Há quem digo que tudo isto é feito sem transparência democrática e até mesmo através de acções obscuras.

No sentido inverso, há quem garanta que não, que não passa de um grupo de reflexão, uma associação de elites - um "lobbie", é verdade, mas sem outros fins que não a discussão dos problema do mundo.

Para lá das dúvidas - tão bem geridas há 59 anos -, há a certeza de que o grupo não tem existência formal, nem organigrama. As reuniões são sempre fechadas à comunicação social e não são publicitadas nem promovidas.

Nos encontros Bilderberg estão presentes alguns dos homens mais poderosos do mundo ou seus representantes, mas apenas da Europa, Estados Unidos e Canadá. Ainda assim há registo de algumas excepções para russos, japoneses e chineses - gradualmente, a partir da década de 70.

O assento está garantido a banqueiros, milionários, donos das maiores companhias petrolíferas, magnatas da comunicação social, membros de algumas casas reais, presidentes de multinacionais - com destaque histórico para a indústria automóvel - e políticos - sejam eles presidentes, primeiros-ministros, ex-governantes ou funcionários europeus.

A reunião deste ano, que começa esta quinta e que acaba domingo nos arredores de Londres, vai ter quatro portugueses: Paulo Portas, António José Seguro, Durão Barroso e Francisco Pinto Balsemão. Vão ser dos poucos a saber realmente o que se passou lá dentro.

O primeiro português e o mais influente
O primeiro português a participar num encontro Bilderberg foi o embaixador Marcello Mathias, em 1963, nove anos após a primeira reunião do grupo. Ainda assim, a grande referência portuguesa é Francisco Pinto Balsemão, que marca presença ininterrupta desde 1981, sendo mesmo apontado como membro da cúpula dirigente da organização.

Foi o próprio Francisco Pinto Balsemão que organizou o único encontro realizado em Portugal, num hotel de luxo no concelho de Sintra, em 1999. É também ele que escolhe e convida anualmente os participantes portugueses.

Ao todo, somando já a estreia de António Jose Seguro este ano, já são 69 os lusos que passaram por estes encontros, sendo que alguns rmais do que uma vez.

Durão Barroso, por exemplo, cumpre esta semana a sua quarta participação e Paulo Portas vai para a segunda. Para trás ficam as quatro vezes de Franco Nogueira, as três cada de Vítor Constâncio e António Guterres e as duas de Medeiros Ferreira, de Artur Santos Silva, de Faria de Oliveira, de Jorge Sampaio, de Ricardo Espírito Santo Salgado e António Borges.

O início
O primeiro encontro do grupo decorreu na cidade holandesa de Oosterbeek, em Maio de 1954. O palco da reunião foi o Hotel Bilderberg, nome que ficaria para sempre como designação do grupo.

O anfitrião – e considerado por isso o fundador – foi o príncipe Bernhard da Holanda, que contou desde logo com uma fortíssima presença de elementos ligados à casa Branca e ao Governo inglês.

Tendo como base os países da NATO, o objectivo era aproximar a Europa Ocidental e os Estados Unidos, lançando para a mesa a ideia de um futuro comum - os primórdios da globalização.

A ideia vingou e os encontros passaram rapidamente a ser dominados e geridos pelo império Rockefeler. Com raríssimas excepções, o grupo tem reunido pelo menos uma vez por ano, sempre em unidades hoteleiras de luxo e nos mais variados locais - dos dois lados do Atlântico.