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Exclusivo Renascença

Passos Coelho admite reavaliar a lei do aborto

26 mai, 2011 • Paula Caeiro Varela e Eunice Lourenço

Em declarações à Renascença, inseridas na programa "Director por uma Hora", o líder do PSD admite também um novo referendo.


Pedro Passos Coelho considera que a última lei do aborto aprovada pelo Parlamento pode “ter ido um pouco longe demais”, pelo que tem de ser reavaliada. Em entrevista à Renascença no âmbito do programa "Director por uma Hora", o presidente do PSD também admite um novo referendo sobre esta matéria. 

"Hoje, é muito fácil as pessoas evitarem esse tipo de situações", diz Passos Coelho

“Precisamos de fazer, tal como aliás estava previsto, uma reavaliação dessa situação”, começa por dizer Passos Coelho, respondendo às perguntas feitas a pedido de Sandra Anastácio, directora da Ajuda de Berço, que é hoje a "Directora por uma Hora" no programa que vai para o ar entre as 19 e as 20 horas.

O presidente do PSD recorda que esteve “há muitos anos do lado daqueles que achavam que era preciso legalizar o aborto - não era liberalizar o aborto, era legalizar a interrupção voluntária da gravidez -, porque há condições excepcionais que devem ser tidas em conta” e não se deve “empurrar as pessoas que são vítimas dessas circunstâncias para o aborto clandestino”.

No entanto, o actual líder social-democrata não esteve a favor da última alteração da lei, porque “hoje em dia é muito fácil as pessoas poderem evitar esse tipo de situações, desde que o Estado e a sociedade dêem a informação necessária às pessoas”. E Passos continua: “A ideia que eu tinha era que talvez se pudesse cair numa espécie de liberalização, em que muitas das mulheres que se vêem confrontadas com essa necessidade acabam por se confrontar com problemas ainda mais graves do que aqueles que motivaram a sua decisão drástica de pôr fim a uma gravidez”.

Por isso, Passos Coelho conclui: “Temos de reavaliar essa situação, não no sentido de voltar a cara a esses problemas, de ter qualquer intolerância em relação a isso, mas para poder ajuizar se se foi até onde se devia ter ido ou se se foi um pouco longe demais”. 

Referendo rápido
Quanto a um novo referendo, Passos Coelho também se mostra favorável, desde que seja prévio a uma nova alteração da lei. E até apela a quem tenha ideia de propor um novo refendo por petição popular para que actue com rapidez.

Novo referendo, sim. Mas depois de reavaliar a actual lei, diz Passos Coelho

“Alerto todos aqueles que possam ter ideias sobre essa matéria que não deixem de tomar essas iniciativas tão rápido quanto possível. Não veria como impossível que se voltasse a realizar um referendo sobre essa matéria, mas já agora gostava que esse referendo ocorresse depois de fazer a avaliação do que foi o desenvolvimento e a aplicação prática da última lei que o Parlamento aprovou”, diz o presidente do PSD. Ou seja, referendo sim, mas depois de avaliada a actual lei e antes de lhe ser feita qualquer alteração.