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“Um doente não pode depender dos humores de um administrador”

11 fev, 2015 • Raquel Abecasis

Nas contas de Pedro Nunes, antigo bastonário da Ordem dos Médicos, só 60% dos médicos estão a fazer serviço de urgência, o que é manifestamente insuficiente.

“Um doente não pode depender dos humores de um administrador”
Pedro Nunes, administrador do centro hospitalar do Algarve e ex-bastonário da Ordem dos Médicos defende que Portugal deve encontrar uma forma consensual de racionalizar os gastos em saúde. Para este médico, o pior de tudo “é serem tomadas decisões caso a caso”, sem que haja um critério transparente. Em entrevista ao programa "Terça à Noite", Pedro Nunes atribui a responsabilidade do caos nas urgências à reforma hospitalar feita por Correia de Campos.
Pedro Nunes, administrador do centro hospitalar do Algarve e ex-bastonário da Ordem dos Médicos defende que Portugal deve encontrar uma forma consensual de racionalizar os gastos em saúde.

Para este médico, o pior de tudo “é serem tomadas decisões caso a caso”, sem que haja um critério transparente.

Pedro Nunes alerta mesmo para o risco de “acontecer que a discricionariedade vá ao ponto de o conselho de administração do Algarve dizer sim ou dizer não a um medicamento, o de Évora dizer sim ou dizer não, e o do Porto dizer sim ou dizer não.”

Em entrevista ao programa "Terça à Noite", da Renascença, Pedro Nunes atribui a responsabilidade do caos nas urgências à reforma hospitalar feita por Correia de Campos, afirmando que: “Houve excesso de expectativa em relação aos cuidados de saúde primários de se substituírem às urgências dos hospitais, mas não se pode imaginar que pelo facto de existirem os doentes deixam de ir aos serviços de urgência.”

O ex-bastonário acrescenta ainda que: “Os médicos de família, por essa reforma, ficaram isentos de contribuir para a resolução do problema da urgência nacional.”

Nas contas de Pedro Nunes só 60% dos médicos estão a fazer serviço de urgência, o que é manifestamente insuficiente.

Pedro Nunes garante que a crise não veio prejudicar no essencial o Serviço Nacional de Saúde, porque a maioria dos cortes incidiu nos funcionários e não nos cuidados aos doentes.