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General defende Machete. "As pessoas precisam de saber alguma coisa da verdade"

28 out, 2014 • Raquel Abecasis

Ministro dos Negócios Estrangeiros revelou, na Renascença, que dois ou três portugueses no Estado Islâmico querem regressar. Foi alvo de uma barragem de críticas, mas Loureiro dos Santos "não vê grande inconveniente" nas declarações de Rui Machete.

General defende Machete. "As pessoas precisam de saber alguma coisa da verdade"
O General Loureiro dos Santos veio em defesa do Ministro dos Negócios Estrangeiros, que na semana passada disse em declarações à Renascença haver portugueses, “sobretudo mulheres”, actualmente nas fileiras do Estado Islâmico que queriam regressar a Portugal. Nesta entrevista, Loureiro dos Santos considera também que Portugal desinvestiu na defesa e que se houver uma catástrofe, como um sismo, Portugal não tem meios para fazer face ao problema.

O general Loureiro dos Santos sai em defesa do ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, que na semana passada revelou, em declarações à Renascença, haver dois ou três portugueses nas fileiras do autoproclamado Estado Islâmico que queriam regressar a Portugal.

O especialista em estratégia e defesa, em entrevista ao programa "Terça à Noite" da Renascença, considera que “aquilo que Rui Machete disse toda a gente imagina que esteja a acontecer”.

Loureiro dos Santos diz mesmo ser "pedagógico" que o ministro o tenha feito, porque "as pessoas também precisam de saber alguma coisa da verdade".

"O ministro que é dos Negócios Estrangeiros - portanto não conhece a engrenagem interior - mas sabe, porque é ministro, que existe este tipo de acontecimentos que são uma ameaça ao país. Eu acho que não é muito inconveniente, eu não vejo grande inconveniente e, até pelo contrário, vejo algum interesse em que essas coisas sejam ditas publicamente por responsáveis", argumenta.

Em entrevista ao programa “Terça à Noite” da Renascença, Loureiro dos Santos, que acaba de publicar o livro “O Futuro da Guerra”, diz que é necessário estar alerta aos riscos do Estado Islâmico. Do seu ponto de vista, as forças de segurança portuguesas devem estar num grau de alerta 3 numa escala de 5.

O especialista em estratégia, que também já foi ministro da Defesa, diz que não é de agora que o Ocidente tem vindo a cometer sucessivos erros e identifica a origem do problema actual: A guerra que George w. Bush desencadeou no Iraque com o apoio de Durão Barroso.

Loureiro dos Santos  revela que, nessa altura, alertou o então primeiro-ministro para o erro que estava a cometer. "Durão Barroso telefonou-me, estivemos os dois aos berros um com o outro porque ele dizia: ‘mas eu vi as provas’. ‘Ai viu! Olhe, não acredite nelas’", aconselhou o general.

Loureiro dos Santos considera também, nesta entrevista à Renascença, que Portugal desinvestiu na defesa e que, neste momento, se houver uma catástrofe como um tremor de terra, o país não tem meios para fazer face ao problema.