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"Não julgamos os homossexuais, mas casamento é entre um homem e uma mulher"

09 out, 2014 • Aura Miguel, no Vaticano

Cardeal Francesco Coccopalmerio falou sobre matrimónio no Sínodo da Família, que decorre no Vaticano.

As chamadas questões fracturantes também passam pelo Sínodo da Família, que decorre no Vaticano. A propósito do casamento entre homossexuais, há consenso entre os participantes: o casamento é mesmo e só entre homem e mulher e é só nessa base é que a Igreja o pode abençoar.

"Temos de ser honestos e dizer: para nós - e não é só para a Igreja Católica, penso que é para a cultura humana em geral – o casamento é entre um homem e uma mulher", afirmou esta quinta-feira o cardeal Francesco Coccopalmerio.

"Por isso, em relação aos casais homossexuais, não os julgamos, mas nunca, em absoluto, podemos equipará-los a um matrimónio, por motivos lógicos e de identidade. E também não os abençoamos, porque não podemos dizer que seja uma coisa boa”, disse o presidente do Conselho Pontifício para os Textos Legislativos. 

"Deixem-nos pensar pela nossa cabeça"
“Temos organizações internacionais, países e grupos que tentar entalar-nos e desviar-nos das nossas traduções culturais e até das nossas crenças religiosas. Acham que as suas ideias deviam ser as nossas ideias e que devíamos ter as suas opiniões e conceitos sobre a vida. E nós respondemos: Não, deixem-nos pensar pela nossa cabeça”, afirma o bispo de Jos, na Nigéria, monsenhor Ignatius Kaigama.

“Que sejamos nós a definir o que é o casamento, quando é que a vida começa. Disseram-nos que, se limitarmos a população, dão-nos muita coisa. E nós respondemos: ‘Quem vos disse que a nossa população cresceu demais?’ Já passou o tempo em que fazíamos as coisas sem questionar. Agora, pomos em questão, avaliamos, decidimos”, sublinha.

O monsenhor Ignatius Kaigama denuncia o que considera ser um novo tipo de colonialismo ocidental. “Vêm falar-nos de direitos reprodutivos e dão-nos preservativos e contraceptivos artificiais. Não queremos essas coisas. Andam a dar-nos as coisas erradas e esperam que as aceitemos, simplesmente, porque pensam que somos pobres”, critica.

O bispo de Jos defende que “a pobreza não tem a ver com dinheiro”, porque “pode-se ser pobre em espiritualidade, em ideias, em educação e de muitos outros modos”.

“Não somos pobres nesse sentido. Podemos ser pobres materialmente, mas não somos pobres em geral.  Por isso, dizemos não ao que pensamos ser errado”, afirma monsenhor Ignatius Kaigama.

O Sínodo da Família prossegue até ao fim da próxima semana, no Vaticano.

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