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Parlamento Europeu menos europeísta

25 mai, 2014 • Daniel Rosário, em Bruxelas

Durante os próximos cinco anos, o hemiciclo será mais fragmentado, com o reforço dos partidos eurocépticos, tanto à esquerda como à direita.

Parlamento Europeu menos europeísta

O Partido Popular Europeu (PPE), família política do centro-direita e de que fazem parte o PSD e o CDS, vai continuar a ter o grupo parlamentar mais numeroso do Parlamento Europeu, com uma curta vantagem sobre os socialistas.

Durante os próximos cinco anos, o hemiciclo será mais fragmentado, com o reforço dos partidos eurocépticos, tanto à esquerda como à direita. A extrema-direita canta vitória em vários países, depois de umas eleições em que a abstenção deixou de crescer, pela primeira vez desde 1979.

De acordo com as projecções iniciais divulgadas pelo Parlamento Europeu, o PPE elege 211 deputados e os socialistas do PSE 193, num universo de 751 parlamentares. O que representa uma quebra acentuada dos partidos de centro-direita em relação aos 273 parlamentares que compuseram a sua bancada na legislatura que agora termina.

Os liberais deverão ter 74 (tinha 83) deputados, os Verdes 58 (mais um), a Esquerda Europeia 47 (uma subida face aos actuais 35), os conservadores 39 e os eurocépticos 33. Os “não-inscritos”, os deputados que não integram nenhum grupo e onde estão contabilizados os partidos de extrema-direita, deverão ser 40.

No entanto, o PE classifica 56 deputados como “outros”, uma vez que se trata de partidos que ainda não oficializaram a sua intenção de integrar uma determinada família política e cuja decisão pode alterar estas projecções.

Certo é que o PPE vai agora encetar as negociações para conseguir garantir uma maioria que apoie a eleição do seu candidato à presidência da Comissão Europeia. Depois de proposto pelos governos da União Europeia (UE), esse candidato tem que receber o apoio de pelo menos 376 eurodeputados.

Extrema-direita com bom resultado
Estas eleições ficam marcadas pelo bom resultado obtido pela extrema-direita em vários países, a começar por França, onde a Frente Nacional de Marine Le Pen venceu as eleições com cerca de 25% dos votos.

Na Áustria, o Partido da Liberdade obteve cerca de 20% dos votos e na Alemanha o partido anti-euro “Alternativa para a Alemanha” elegeu seis deputados.

No Reino Unido, o UKIP, que defende a saída do país da UE pode mesmo ter vencido as eleições.

Ainda mais à direita, foram vários os partidos com uma agenda claramente xenófoba, racista e até neo-nazi a recolher o apoio de importantes fatias do eleitorado. Na Grécia, a Aurora Dourada recolheu quase 10% dos votos; na Alemanha, o partido neo-nazi NPD pode ter elegido um deputado; e na Hungria o Jobbik foi o segundo partido mais votado, com 15% dos votos.

De acordo com as projecções iniciais, a participação eleitoral terá sido de 43,11%, marginalmente acima dos 43% de 2009, mas o suficiente para os responsáveis europeus celebrarem a travagem do crescimento da abstenção que se verificava desde as primeiras eleições directas, em 1979.