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Santana. Resultados das europeias terão "leituras nacionais"

23 mai, 2014 • José Pedro Frazão

Ex-primeiro-ministro e António Vitorino fazem balanço negativo de uma campanha "muito pouco esclarecedora".

Santana. Resultados das europeias terão "leituras nacionais"
O antigo líder do PSD Pedro Santana Lopes admite que os resultados da eleições europeias terão sempre "leituras nacionais" e que o Governo português, como outros na Europa, pode ser ficar mais fraco em caso de uma derrota. No "Fora da Caixa", o ex-primeiro ministro e o mandatário do PS nas eleições europeias, António Vitorino, criticaram a forma como a campanha se desenrolou em Portugal. "Discutiu-se muito pouco, muito pouco", conclui Santana.

O antigo líder do PSD Pedro Santana Lopes admite que os resultados da eleições europeias terão sempre "leituras nacionais" e que o Governo português, como outros na Europa, pode ser ficar mais fraco em caso de uma derrota. Tudo dependerá da "dimensão".

"Ninguém poderá fugir a elas e, portanto, em Portugal elas também serão feitas, noutros países também", disse o ex-primeiro-ministro no programa "Fora da Caixa", da Renascença, que será emitido esta sexta-feira depois das 23h00.

"Essas leituras nacionais nunca são boas para os governos. Por exemplo, em França, estou convencido que, se se confirmar o tal primeiro lugar da Frente Nacional [partido de extrema-direita], isso terá consequências políticas mesmo nas regras do sistema político", antecipa.

"Acho que o sistema político [francês] acelerará os tempos da sua regeneração. Pode haver, dependendo da dimensão das derrotas dos governos, consequências ao nível da estabilidade política. Não a queda dos governos, mas os governos ficarem mais fracos.
Isso é inevitável. Depende, em cada país, da dimensão da derrota", elabora Santana.

Campanha "muito pouco esclarecedora"
No "Fora da Caixa", Santana Lopes e o mandatário do PS nas eleições europeias, António Vitorino, criticaram a forma como a campanha se desenrolou em Portugal.

"Não se fazem em milagres nas campanhas eleitorais. Quando durante vários anos os políticos nacionais não assumiam a sua condição de também políticos europeus, é óbvio que depois não podem estar à espera que no dia antes das eleições as pessoas se convençam do que quer que seja", diz o socialista, antigo comissário europeu.

"Foi muito pouco esclarecedora. Foi uma pena", afirma Santana. Faltou discutir as "consequências dos tratados", nomeadamente o Tratado Orçamental Europeu, a "reforma institucional", a "supervisão bancária, o controlo prévio, o futuro do euro até".
 
"Discutiu-se muito pouco, muito pouco", conclui.

Para Vitorino, "é preciso que os políticos nacionais e os próprios parlamentos nacionais assumam que a dimensão europeia faz parte integrante da vida política quotidiana e que não é possível discutir os grandes problemas nacionais – sejam eles problemas do crescimento económico, sejam problemas do desemprego, sejam problemas da coesão social – sem incorporar inevitavelmente a dimensão europeia".

Sucessor de Durão pode não estar no lote de candidatos
No "Fora da Caixa", António Vitorino deixou ainda um aviso: se os socialistas vencerem as europeias a nível europeu, Schulz pode não ser o próximo presidente da Comissão Europeia.

O antigo comissário europeu volta a admitir a possibilidade de o sucessor de Durão Barroso não estar no lote de candidatos escolhidos pelas principais famílias políticas europeias.

"Não há nenhum automatismo entre o resultado e a designação do presidente da comissão", disse. O processo será alvo de uma negociação, que "pode produzir resultados que não são apenas aqueles que poderiam resultar de dizer ‘Vai ser presidente da comissão o que estiver à frente da lista mais votada’".

Para Pedro Santana Lopes, esse é um cenário possível, mas que seria negativo.

"Não é bom para a democracia se isso vier a acontecer. Espero que os candidatos e o presidente à Comissão sejam aqueles que estão a ser anunciados, a bem do funcionamento da democracia", afirma.