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Ribeiro Cristóvão

Desligado

27 nov, 2014 • Ribeiro Cristóvão

Num momento em que os clubes portugueses atravessam sérias dificuldades, é caso para nos interrogarmos sobre se vale a pena o Benfica, e também os outros, fazer equipas que exigem forte investimento.

Por agora, o Benfica está desligado das competições europeias de futebol durante os próximos dez meses. A situação era já muito complicada na Liga dos Campeões mas, inesperadamente, também a Liga Europa desapareceu do horizonte encarnado.

Não é uma tragédia irremediável, mas não deixa de ser um acontecimento de inusitadas e negativas proporções, cujas consequências não deixarão de constituir sério objecto de análise, dada a necessidade de reflectir sobre o futuro de uma colectividade que congrega à sua volta imensas responsabilidades de toda a ordem, e não apenas de carácter desportivo.

Com este afastamento, que nem sequer fazia parte das piores previsões, muito embora se reconhecessem as dificuldades ditadas por um sorteio que fora madrasto para o Benfica, projectam-se no imediato prejuízos diversos.

Antes de mais, a escassez de receitas que, a partir de Dezembro, ficarão limitadas às competições nacionais. Depois, a mais que provável saída de algumas peças fundamentais de uma equipa que já entrara meio coxa na temporada iniciada em Agosto, devido a uma sangria que lhe roubou várias das suas pedras mais preciosas.
 
Pelo terceiro ano consecutivo o Benfica não vai além da fase de grupos da Champions. Mas desta vez vai ainda mais longe no despautério, deixando-se cair no exagero de nem sequer sobrar para a Liga Europa, na qual foi finalista nas duas últimas temporadas.

Num momento em que os clubes portugueses atravessam cada vez mais sérias dificuldades, é caso para nos interrogarmos sobre se vale a pena o Benfica, e também os outros, fazer equipas que exigem forte investimento, apenas com o objectivo de participar na Liga dos Campeões.

Para evitar que a casa caia, cabe aos responsáveis pela gestão dos principais clubes reflectir profundamente sobre matéria tão delicada. Porque o telhado, esse, parece ter já desabado.