Emissão Renascença | Ouvir Online

Ribeiro Cristovão

Morreu um senhor

23 set, 2014 • Ribeiro Cristovão

Se é verdade que deve ser relevada a carreira desportiva de Fernando Cabrita, para nós, que tivemos a felicidade de o conhecer, maior é o destaque que merece a sua qualidade humana.

A discussão à volta dos lances mais polémicos da jornada do fim-de-semana deixou de ter sentido a partir do momento em que o país tomou conhecimento da notícia da morte de Fernando Cabrita.

Aos 91 anos era detentor de uma carreira notável ao serviço do futebol.
Tendo começado a jogar nos anos quarenta no Olhanense, fez uma breve incursão no futebol francês na defesa da camisola do Angers tendo, no regresso a Portugal, rumado ao Sporting da Covilhã, para pouco tempo depois iniciar a carreira de treinador.

Prestou serviço em diversos clubes, mas o Benfica foi a sua maior paixão.
E o momento mais alto da sua carreira viria a acontecer em 1984, como seleccionador nacional, no comando de um grupo notável que atingiu as meias-finais do Campeonato da Europa, durante o qual contou com a colaboração de José Augusto, Toni e António Morais, infelizmente também já desaparecido.

Se é verdade que deve ser relevada a carreira desportiva de Fernando Cabrita, para nós, que tivemos a felicidade de o conhecer, maior é o destaque que merece a sua qualidade humana, a qual continha em si aspectos verdadeiramente tocantes.

Amigo, bom e solidário, como ontem o caracterizava Toni, primeiro seu discípulo e depois seu companheiro, Cabrita deixa um legado do qual os mais novos podem colher preciosos ensinamentos como os da lealdade sem sofismas e da sã camaradagem.

Fernando Cabrita há muito se afastara do mundo do futebol e até do convívio dos seus amigos.
Mas essa ausência em nada beliscava a admiração que lhe tributavam, nem tão pouco diminui a saudade que todos vão continuar a sentir por esta figura empolgante que agora nos deixa para sempre.