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Ribeiro Cristóvão

O regresso de Dunga

31 jul, 2014 • Ribeiro Cristóvão

O novo selecionador do Brasil tem opinião sobre o uso de brincos e bonés tortos, aos quais junta certamente tatuagens e cortes de cabelo que venha a considerar impróprios para figuras públicas aos quais se exige a projecção de uma imagem diferente. Dunga também não vai tolerar o choro em que alguns jogadores brasileiros se deixam envolver com frequência. Respeita o choro, mas choro a mais, como no recente jogo com o Chile, parece mal ao seleccionador.

Traumatizado e deprimido pela mais estrondosa derrota sofrida pela sua selecção, o Brasil mostra-se agora disposto a aceitar todas as exigências que venham a ser feitas, sobretudo em matéria disciplinar, pelo novo seleccionador Carlos Dunga.

A ferida aberta pela vergonha sentida no país do futebol após o desaire no mundial frente à Alemanha, que limitou as possibilidades do escrete canarinho à participação no jogo de consolação para atribuição dos terceiro e quarto lugares, não vai sarar tão cedo, ficando mesmo a constituir o maior motivo de vergonha e humilhação por que o Brasil já passou.

Saído pela porta pequena, Scolari acaba de ser substituído por Carlos Dunga, um repetente no cargo que já desempenhou no mundial de 2010 na África do Sul, e antigo jogador que chegou a campeão do mundo em 1994,nos Estados Unidos, tendo sido também nesse campeonato o capitão da selecção brasileira.

Dunga volta com a certeza de que as medidas que venha a adoptar, ainda que muito duras, terão sempre o beneplácito do público que deseja ver rapidamente invertido o caminho até aqui percorrido.

E, por isso, dando prioridade total ao orgulho de vestir a camisola do seu país, vai exigir aos jogadores um tipo de comportamento diferente daquele que exibiram no mundial recentemente disputado.  Para ele, os craques são importantes, mas organização e espírito guerreiro devem constituir a primeira de todas as prioridades.

Do decálogo de que deu já conhecimento aos mais directos interessados, os jogadores, o novo seleccionador foca aspectos que podem parecer menores mas aos quais dá a maior importância: como, por exemplo, o uso de brincos e bonés tortos, aos quais junta certamente tatuagens e cortes de cabelo que venha a considerar impróprios para figuras públicas aos quais se exige a projecção de uma imagem diferente.

Dunga também não vai tolerar o choro em que alguns jogadores brasileiros se deixam envolver com frequência. Respeita o choro, mas choro a mais, como no recente jogo com o Chile, parece mal ao seleccionador que está disposto a recuperar a mentalidade no futebol brasileiro que ganhou cinco campeonatos do mundo, mesmo em alguns casos em que não tinha os melhores jogadores.

Ciente de que tem o povo ao seu lado no começo de um ciclo que pretende repor o prestígio destroçado do futebol do Brasil, Dunga corre, apesar de tudo, alguns riscos.

Veremos no que vai dar esta entrada em força nos próximos jogos que não tardam em chegar.