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Francisco Sarsfield Cabral

Mudança na UE ou no Syriza?

26 jan, 2015

Atenas terá que amortizar este ano cerca de 22 mil milhões de dívida ao BCE, que estatutariamente não pode conceder perdões, tal como o FMI.

Um Governo do Syriza tentará mudar a política do euro, dominada até aqui pela “ortodoxia alemã”. Ora a Grécia necessita de fechar com a troika o seu programa de ajustamento (para receber a última tranche do dinheiro), seguido de um apoio cautelar para regressar aos mercados (apoio que a Irlanda e Portugal dispensaram).

Tudo isso será condicional, implicando medidas que o Syriza rejeitou. E Atenas terá que amortizar este ano cerca de 22 mil milhões de dívida ao BCE, que estatutariamente não pode conceder perdões, tal como o FMI.

Serão possíveis alguns adiamentos de prazos de pagamento da dívida grega. Mas pouco mais do que isso. Basta reparar na furiosa reacção na Alemanha à anunciada compra de dívida pelo BCE para concluir que os tempos não estão para grandes concessões.

Assim, é provável que seja o Syriza e não a UE a mudar. O que desiludirá muitos que nele votaram, acreditando que iria acabar a austeridade. E levantará problemas à esquerda na coligação de vários grupos que é o Syriza. A alternativa será sair do euro, implicando ainda maior austeridade. Porque o dinheiro não cai das árvores.