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Francisco Sarsfield Cabral

Sol na eira e chuva no nabal

27 nov, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Pois alguns que - a posteriori, claro - desejavam um governador menos prudente e correndo riscos judiciais sérios, agora criticam a detenção de José Sócrates à saída do avião.

Ao longo das últimas semanas, Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, tem sido criticado por alegado excesso de prudência ao haver demorado a obrigar Ricardo Salgado a sair da presidência do BES. Queriam que ele tivesse sido mais audaz.

O governador explicou, já várias vezes, que nem a lei nem a jurisprudência lhe garantiam que um eventual afastamento compulsivo de Salgado fosse aceite pelos tribunais. Se estes desautorizassem a decisão arriscada de Carlos Costa, teríamos um sério abalo no Banco de Portugal e no sistema financeiro português.

Pois alguns que - a posteriori, claro - desejavam um governador menos prudente e correndo riscos judiciais sérios, agora criticam a detenção de José Sócrates à saída do avião e a prisão preventiva que lhe foi imposta pelo juiz de instrução, Carlos Alexandre. Argumentam que este devia ter sido mais moderado, ainda que assim pudesse haver destruição de provas e perturbação do processo instrutório.

Sol na eira e chuva no nabal, portanto. É corrente no debate público nacional. Que assim se torna muito pouco interessante e útil.