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Francisco Sarsfield Cabral

A fé cristã e a Europa

26 nov, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A dignidade da pessoa ganha plena força com a abertura ao transcendente. Exortações oportunas de um pastor.

Contra os que alguns esperavam, não foram políticos os discursos que o Papa Francisco ontem pronunciou em Estrasburgo (Parlamento Europeu e Conselho da Europa). Foram, sim (sobretudo o primeiro), palavras muito fortes de um pastor.

O Papa criticou com frontalidade a cultura europeia predominante. O seu individualismo egoísta, os seus estilos de vida desprovidos de sentido do bem comum, a sua tendência para dar prioridade à técnica e à economia sobre a política e a ética. E salientou a importância do respeito pelos direitos humanos, nomeadamente os dos imigrantes e daqueles que morrem no Mediterrâneo tentando chegar à Europa. Mas direitos humanos que só serão autênticos se envolverem os correspondentes deveres e se atenderem ao bem da sociedade, a começar pelos mais pobres.

Também referiu o Papa Francisco as raízes cristãs da Europa. Mas sublinhou que, mais importante ainda, é aquilo que o cristianismo pode contribuir, hoje, para que a Europa recupere a sua alma. É que, alertou o Papa, a dignidade da pessoa ganha plena força com a abertura ao transcendente. Exortações oportunas de um pastor.