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Francisco Sarsfield Cabral

A vitória dos extremistas

22 out, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Os partidos radicais nem precisam de ganhar eleições: muitas das suas propostas são adoptadas por partidos moderados, procurando manter o seu eleitorado.

Durão Barroso, ainda presidente da Comissão Europeia, criticou o projecto do primeiro-ministro britânico de introduzir limites à entrada de imigrantes no Reino Unido. Tal projecto, ainda vago, poderá, de facto, contrariar as regras da UE sobre livre circulação de pessoas.

Este caso insere-se numa tendência que se manifesta em vários países europeus: o receio da direita moderada de perder votos para os partidos da direita radical, anti-europeia e anti-imigração leva-a a assumir bandeiras extremistas. Nas eleições para o Parlamento Europeu dois desses partidos, o UKIP britânico e a Frente Nacional de Marine Le Pen, ficaram à frente na votação.

Mas esses partidos radicais nem precisam de ganhar eleições: muitas das suas propostas são adoptadas por partidos moderados, procurando manter o seu eleitorado. Foi essa a estratégia de Sarkozy, em França. E no governo socialista francês fez-se sentir a violência contra os ciganos.

O caso de Cameron é ainda mais grave, pois aumenta a possibilidade de o Reino Unido acabar por sair da UE. Seria um desastre para os britânicos e para a União.