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Francisco Sarsfield Cabral

Uma tragédia africana

20 out, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Por medo do ébola, muita gente na África Ocidental abandonou as suas culturas, o que pode significar, a prazo, mais miséria e fome em países tão pobres.

Na África Ocidental, o número de pessoas infectadas pelo vírus ébola duplica todos os meses. Identificado em 1976, este vírus provocou, entretanto, várias epidemias. No Congo, nomeadamente. Mas eram fenómenos circunscritos, pois aconteciam na selva. Agora, a catástrofe é muito maior, porque a doença atacou em zonas urbanas de milhões de habitantes, na Libéria, na Serra Leoa, na Guiné, etc.

Não está em causa apenas a tragédia de tantas mortes. Por medo do ébola, muita gente na África Ocidental abandonou as suas culturas, o que pode significar, a prazo, mais miséria e fome em países tão pobres.

No entanto, a comunicação social europeia e americana dá mais atenção a um ou outro caso de ébola nos países ocidentais do que à tragédia africana. Claro que importa tomar todas as precauções para impedir que o vírus passe as fronteiras dos nossos países. Mas a solidariedade com os africanos atingidos pelo ébola tarda a concretizar-se. Pelo contrário, os Médicos Sem Fronteiras acorreram aos milhares às zonas afectadas, numa atitude heróica que mostra não ser a solidariedade uma palavra vã.