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Francisco Sarsfield Cabral

Globalização e nacionalismos

23 set, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

A motivação dos independentistas é, muitas vezes, a do rico que não quer pagar pelo pobre: uma anti-solidariedade.

A actual onda de nacionalismos e de aspirações à independência é uma reacção à (muito exagerada) tendência uniformizadora da globalização. Os povos sentem-se ameaçados na sua identidade e tentam reafirmá-la em sociedades cada vez mais multiculturais.

Também há aí factores económicos, a começar pela ideia, errada, de que a riqueza dos outros trazida pela globalização (na China, por exemplo) implica o empobrecimento dos já desenvolvidos. Pior, a motivação dos independentistas é, muitas vezes, a do rico que não quer pagar pelo pobre. Essa anti-solidariedade manifesta-se na Escócia (apesar de assente na ilusão de um petróleo do Mar do Norte que está a acabar), na Catalunha, no Norte de Itália, na Flandres belga, na Baviera, etc.

As motivações políticas têm sobretudo a ver com nações que procuram um Estado próprio, uma vez que estão integradas em Estados multinacionais. O Estado nação é algo de muito menos frequente do que se diz. Portugal tem a sorte de o ser – e com as fronteiras mais antigas da Europa. Daí o nosso excesso de identidade nacional, salientado por Eduardo Lourenço.