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Francisco Sarsfield Cabral

A cultura do calote

16 abr, 2014 • Francisco Sarsfield Cabral

Os atrasos nos pagamentos do Estado é uma situação que se arrasta há anos e que causa inúmeros prejuízos às empresas. E o (mau) exemplo rapidamente começou a ser seguido.

A ministra das Finanças disse ontem que o Governo está preocupado com os atrasos nos pagamentos do Estado, em particular no sector da saúde. E que irá reduzir esses atrasos.

Esta é uma questão que se arrasta há muitos anos. De vez em quando, surge uma iniciativa para diminuir esses atrasos, que a partir de 2010 passaram a pagar juros de mora – antes, nem isso.

No ano passado, o Estado conseguiu reduzir, em média, o atraso com que paga em apenas seis dias, passando para cerca de 130 dias (o que excede largamente o limite legal).

Esta situação causa inúmeros prejuízos às empresas credoras do Estado, algumas das quais faliram por causa dos atrasos na liquidação de dívidas públicas.

Claro que em plena crise orçamental, com intervenção externa, a necessidade absoluta de cortar despesa pública não ajuda a promover o Estado como pessoa de bem.

Só que o (mau) exemplo do Estado rapidamente começou a ser seguido por muitas empresas. Instalou-se, assim, uma cultura de caloteiro na sociedade portuguesa, pelo menos quanto à pontualidade no pagamento de dívidas.