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Trabalho sem Fronteiras

"Não é preciso criar uma empresa para ser empreendedor"

16 abr, 2014 • Ana Carrilho

Para a presidente da Juventude Operária Católica, o empreendedorismo jovem é importante, mas é preciso ter cautela para não cair em generalizações e pensar que todos podem ser “patrões”.

“Todos podemos ser empreendedores no nosso próprio local de trabalho, não é preciso criar uma empresa”. Esta é a opinião de Lisandra Rodrigues, recentemente eleita presidente da Juventude Operária Católica (JOC).

Convidada do programa “Trabalho sem Fronteiras”, no âmbito da parceria Renascença/EURANET, Lisandra Rodrigues sublinha que o empreendedorismo jovem é importante, mas é preciso ter cautela para não cair em generalizações e pensar que todos podem ser “patrões”.

Tentar fazer com que os jovens percebam qual é o seu objectivo de vida, definir os passos a dar contando com os obstáculos e ver os recursos disponíveis, são desafios que a JOC discute com os jovens católicos para os ajudar a vencer o desemprego.

Em curso está a campanha “Dá emprego aos teus sonhos, dá emprego à tua vida”, que passa, numa primeira fase, pelo conhecimento da realidade local, junto dos centros de emprego da área de residência dos “jocistas”.

Lisandra Rodrigues admite que há situações diferenciadas: desde os casos em que os jovens conseguem ficar inscritos por pouco tempo, até à situação extrema de continuar à espera de uma resposta às muitas dezenas de currículos enviados, durante anos.

Em implementação está já o programa europeu de apoio à contratação “Garantia Jovem”, mas a presidente da JOC considera que ainda é cedo para fazer uma avaliação rigorosa dos resultados. Ainda assim, é uma oportunidade a ter em conta.

Há quem acabe por emigrar, embora para a presidente da JOC seja claro que a emigração não pode ser uma fatalidade e sim, uma oportunidade. Ir para fora, deve ser uma opção; não uma obrigação.

Opinião que também é partilhada pelo vice-presidente da assembleia de representantes da Escola de Ciências Sociais da Universidade de Évora. Rafael Vasques acolhe os alunos mais novos e defronta-se frequentemente com o desânimo, com as poucas perspectivas de conseguir um emprego quando concluírem o curso superior.

“Não podemos cair no desânimo colectivo; não desistir é obrigatório”, frisa este estudante da Universidade de Évora, que também aposta na captação de mais jovens nacionais e estrangeiros para o Interior alentejano.
Desistir é palavra que também não existe para dezenas de jovens de Idanha-a-Nova que agora se dedicam à agricultura, mais concretamente à produção de frutas que podem ser ainda consideradas “nicho de mercado”.

Para combater a desertificação deste concelho da Beira Interior, a Câmara de Idanha-a-Nova criou o programa “Não emigres. Migra!”. Cedeu 550 hectares de terreno e com o financiamento de dinheiros europeus do PRODER, o projecto de 1 milhão de euros avançou.

A procura foi tão grande que o presidente da autarquia confessou nunca ter pensado que tantos jovens se interessavam pela agricultura. Mais de 50 foram aceites. Talia Los é uma dessas jovens que deixou o trabalho à noite, em bares e discotecas, trocou os saltos altos pelas botas e especializou-se na cultura dos mirtilos, de que Idanha-a-Nova é já o maior produtor nacional.