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Fora da Caixa

Eleições regionais em Espanha. A recuperação económica dará votos ao PP?

24 mai, 2015 • José Pedro Frazão

Santana Lopes e António Vitorino analisam estas eleições que são um “ensaio geral” para as legislativas, como a manutenção do PP, a queda das maiorias e a subida de novas formações políticas..

Eleições regionais em Espanha. A recuperação económica dará votos ao PP?
Em dia de eleições municipais e na maioria das comunidades autónomas, sobram questões para serem respondidas pelos espanhóis. A manutenção do PP em muitos bastiões, a queda das maiorias tradicionais e a subida de formações políticas recentes são factores identificados por Santana Lopes e António Vitorino.

Cerca de 36 milhões de espanhóis têm na sua mão a definição de um rumo a nível local e regional que pode ter leituras nacionais. As eleições para mais de oito mil municípios e em 13 das 17 comunidades autónomas representam um "ensaio geral" para as legislativas do final do ano. De fora ficam as corridas às comunidades da Galiza, País Basco, Andaluzia e Catalunha.

Pedro Santana Lopes confessa duas grandes curiosidades. " Saber se o PP resiste a esta aliança tácita entre os Ciudadanos - que dizem não querer alianças futuras com o PP - o PSOE e o Podemos, a disputarem espaço ao Partido Popular", é uma delas.

Outra? "Será muito curioso saber se a teoria da recuperação económica - que em Espanha é mais acentuada do que cá - produz efeitos eleitorais. Ou seja, se isso se fará sentir no PP".

Em declarações ao programa Fora da Caixa, da Renascença, o antigo primeiro-ministro assinala que "as projecções são equívocas. Dão quase para uma manutenção dos bastiões tradicionais (Andaluzia para o PSOE, Madrid com o PP à frente mas sem maioria absoluta) mas ainda há 30 a 40% de indecisos. São muitos indecisos, não sei se farão parte ou não dos abstencionistas. Em que medida é que o PP resiste? Será um dado interessante. Vamos ver se este grande resistente que é Mariano Rajoy resiste mais uma vez num pleito eleitoral".

A presença de ex-chefes de governo faz a diferença apenas para o PSOE, diz Santana. "Felipe Gonzalez foi para o terreno e é sempre um trunfo. Aznar não iria e não representaria o mesmo que Felipe ainda representa."

É difícil fazer prognósticos, responde, por seu lado, o antigo ministro socialista António Vitorino, que elenca três critérios para avaliação dos resultados. " Haverá uma grande fragmentação do voto. Isso é importante para medir o balanço com que cada força política se prepara para disputar as legislativas.”

“Em segundo lugar, em regiões de domínio tradicional, quem tem maioria ou, mesmo ganhando, deixa de ter maioria. Isso é um segundo teste". Vitorino observa que há locais onde o Partido Popular vai ganhar mas vai perder a maioria. "Como na Comunidade Autónoma de Madrid, onde vai ter que fazer uma coligação. Com quem? Será um teste para saber se serão ou não misturáveis".

O terceiro critério de análise invocado por António Vitorino para estas eleições diz respeito aos resultados em três câmaras municipais simbólicas. " Em Madrid, o PP vence tradicionalmente mas corre o risco de não ter maioria absoluta. Em Barcelona, quem vem à frente nas sondagens é uma coligação de cidadãos - En Comu - que tem o Podemos por trás. Em Valência, desde sempre uma cidade controlada pelo PP, aparentemente o Partido Popular está em risco de perder a cidade".

A palavra cabe agora aos espanhóis. E depois talvez aos partidos, para exercerem a sua capacidade de entrar em coligações de governação.