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O ano de Draghi e da sombra de Merkel

26 dez, 2014

Os comentadores do programa "Fora da Caixa" da Renascença, Pedro Santana Lopes e António Vitorino, elegem os acontecimentos e personalidades do ano.

O ano de Draghi e da sombra de Merkel
Os comentadores do programa "Fora da Caixa" da Renascença, Pedro Santana Lopes e António Vitorino, elegem os acontecimentos e personalidades do ano.

O ano que agora termina ficou marcado por uma perda de protagonismo na Europa da chanceler alemã, Angela Merkel, na análise dos comentadores do programa "Fora da Caixa" da Renascença.

Na lista de memórias de 2014, António Vitorino começa por escolher “uma não personalidade que é a sombra da senhora Merkel”.

“2014 foi o ano em que a senhora Merkel, praticamente, não esteve presente nas questões europeias, foi discreta, omissa, mas de certeza absoluta que o conjunto das pessoas tem a percepção que ela esteve muito presente e muito activa”, explica o antigo comissário europeu.

Pedro Santana Lopes reconhece que “Angela Merkel está uma sombra do que foi”, no entanto, “o poder que parece ter perdido” não foi transferido para outro líder europeu, apesar de a eleição de Matteo Renzi para liderar o Governo de Itália ter aberto a “janela mais promissora” na Europa política.

O antigo primeiro-ministro considera que o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, foi a figura do ano, devido “aos seus esforços para puxar pela economia e sistema financeiro europeus” e para “tornear a sombra” da chanceler alemã.

De Kiev a Glasgow
Em relação ao acontecimento do ano, António Vitorino destaca a crise na Ucrânia, “com as repercussões que tem dentro da União Europeia e para o futuro da União Europeia”.

As eleições europeias e a subida dos partidos populistas e eurocépticos também constituíram “um elemento importante” em 2014, na leitura do antigo ministro socialista.

Pedro Santana Lopes subscreve a importância dos acontecimentos que tiveram a Ucrânia como epicentro e, também, releva a vitória do “não” no referendo à independência da Escócia. 

“Se o referendo tivesse tido outro resultado, eu não sei o que se teria passado desde aquela data com as ‘Catalunhas’ e outros fenómenos. Acho que tínhamos passado tempos muito diferentes”, sublinha.

"Buraco enorme" nas contas de Putin
A queda do preço do petróleo e do rublo estão a marcar a recta final de 2014, com naturais repercussões negativas para uma economia russa altamente dependente das exportações do chamado “ouro negro”.

António Vitorino considera que a reacção do Presidente russo, ao dizer que Moscovo vai recuperar em dois anos, mostra que Vladimir Putin está “desfasado da realidade” ou numa “fuga para a frente” para tentar acalmar a opinião pública.

Mas, sublinha o comentador, Vladimir Putin tem a “consciência perfeita” que o Orçamento da Rússia tem um “buraco enorme”, porque foi elaborado com o preço do petróleo a 80 dólares e, actualmente, o barril está abaixo dos 60 dólares.

“Isto significa um buraco enorme nas contas russas e um constrangimento brutal para o poder russo”, concluiu António Vitorino sobre um dos temas que deverá marcar o ano de 2014.

O "Fora da Caixa", que pode ouvir sexta-feira a partir das 23h00, na Edição da Noite, é uma colaboração da Renascença com a Euranet Plus, rede europeia de rádios.