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Fora da Caixa

E porque não uma única companhia aérea global da União Europeia?

20 dez, 2014 • José Pedro Frazão

Santana Lopes coloca a possibilidade, ainda que remota, para que a Europa tenha uma posição forte na aviação mundial. No programa "Fora da Caixa", António Vitorino diz que é possível injectar dinheiro público para reestruturar companhias aéreas. Mas "a porta é muito estreita".

E porque não uma única companhia aérea global da União Europeia?
No programa “Fora da Caixa” Pedro Santana Lopes defende que o Governo já devia ter apresentado as condições de privatização da TAP. Para António Vitorino, a questão essencial da privatização é saber se o capital é credível.

A Europa está longe de estar na pista que leva à primeira linha da aviação comercial global. António Vitorino defende a tese de que a questão das 'companhias de bandeira' deve ser pensada à luz de uma dinâmica de concentração à escala global. " O grande dinamismo das empresas de transporte aéreo vem hoje da Ásia e do Médio Oriente. A única empresa europeia que parece estar de boa saúde é a Lufthansa, que é uma empresa privada, com uma parte de capital público", assinala o antigo comissário europeu no programa 'Fora da Caixa'.

Santana Lopes vai mais longe e coloca um cenário de fortalecimento da posição europeia no xadrez da aviação comercial. " Era uma possibilidade começar-se a pensar na União Europeia numa escala diferente. Pode ser ainda algo do reino da utopia devido aos muitos e variados interesses. Eu acredito na concertação. A Europa já se concertou em tantas outras áreas tão difíceis e que pareciam quase impossíveis. Então a União Europeia concerta-se para uma moeda única e não se concerta para uma companhia aérea integrada?", questiona o antigo primeiro-ministro.

O histórico recente nas companhias aéreas é atribulado. Vitorino enumera os processos. "Faliu a Swissair que, embora não sendo da União Europeia, está integrada no espaço europeu. Faliu a Sabena que se 'transmutou' em Brussels Airlines. Houve injecções de capital em empresas como a Alitalia, a Air France, a KLM. A Ibéria, depois de injecções de capital, foi fundida com a British Airways e hoje está num processo de reestruturação". O antigo comissário usa estes exemplos para defender que "do ponto de vista do Direito da União Europeia, intervenções financeiras para reestruturação são possíveis. Agora, a porta é obviamente muito estreita".

A comissária europeia da Concorrência admitiu recentemente que, em tese, é possível injectar capital público "uma vez, como última vez" na reestruturação de uma companhia aérea europeia. António Vitorino considera que a declaração da comissária europeia "não é suficiente para nós sabermos se haveria algum caminho alternativo à privatização. E em que termos esse caminho pode ser trilhado para a TAP". O antigo ministro da defesa considera que, no quadro actual de concentração, algumas empresas regionais podem ter nichos de mercado que são rentáveis. E é mais esse perfil que acho que temos que começar a discutir em relação à TAP".

Já Pedro Santana Lopes justifica a sua tese de uma grande companhia aérea europeia para todo o mundo. " Se vamos por injecções de capital, privatizações, reestruturações , vamos ter etapas e mais etapas a 'queimar'  défice e divida", remata o antigo primeiro-ministro.

O "Fora da Caixa", que pode ouvir sexta-feira a partir das 23h00, na Edição da Noite, é uma colaboração da Renascença com a Euranet Plus, rede europeia de rádios.