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Santana Lopes não acredita que movimentos independentistas esmoreçam

19 set, 2014

Vitória do "não" no referendo escocês em destaque no programa Fora da Caixa da Renascença.

Santana Lopes não acredita que movimentos independentistas esmoreçam
A vitória do “não” no referendo escocês pode obrigar os catalães independentistas a mudarem de estratégia e a ocuparem uma “posição mais recuada”, afirma António Vitorino no programa Fora da Caixa da Renascença. Pedro Santana Lopes não acredita que movimentos independentistas esmoreçam.

O antigo primeiro-ministro Pedro Santana Lopes não acredita que a vitória do “não” no referendo na Escócia faça “esmorecer” os movimentos independentistas, mas pode travar o renascimento de questões separatistas antigas.

“Pode ter o efeito de fazer perder o gás a movimentos que não existem e que podiam aproveitar um balanço, em paragens mais próximas ou mais distantes, para fazer nascer de novo questões separatistas. Agora, não acredito que aqueles que têm adesão no terreno, que têm substância histórica, esmoreçam, nomeadamente, os que estão mais acesos como na Catalunha”, afirma Santana Lopes na edição desta sexta-feira do programa Fora da Caixa.

Para António Vitorino, a  vitória do “não” na Escócia pode obrigar os catalães independentistas a mudarem de estratégia e a ocuparem uma “posição mais recuada”.

O ex-ministro da Defesa considera que “se o sim tivesse ganho teria catapultado o movimento independentista catalão para uma vocalidade e uma visibilidade muito superiores”.

Agora, aos catalães resta fazer “aquilo que se chama ‘damaged control’ [controlo de danos], resguardar-se na defesa da tese de que o que deve ser reconhecido é o direito a decidir”, assinala o antigo comissário europeu.

António Vitorino considera que o Reino Unido enfrenta agora novos desafios. “Inicia-se uma etapa subsequente muito interessante, que é aquilo que se poderia designar como a federalização do Reino Unido. A devolução de poderes, agora, vai ser não apenas em favor da Escócia mas também em favor das outras componentes do Reino Unido”, salienta.

Europa respira de alívio
A vitória do “não” à independência da Escócia pode ser um “sim” à Europa. António Vitorino lembra que a marcada posição pró-europeia da política escocesa pode fazer a diferença num futuro referendo no Reino Unido à permanência na União Europeia (UE).

“Se retirássemos ao universo eleitoral do Reino Unido estes cinco milhões de escoceses, obviamente que era mais penalizador para o potencial sim num referendo à UE do que para o potencial não”, sublinha.

Santana Lopes acrescenta que “num momento de crise” este é um resultado, “em princípio, bom” para a União Europeia, mas considera que a Europa pode estar a precisar de “rupturas controladas”.

“A questão é que nós não sabemos hoje em dia se é melhor a Europa manter os caminhos tradicionais ou haver rupturas controladas porque estamos a precisar de acordar desta letargia”, conclui o antigo líder do PSD.

O Fora da Caixa, que pode ouvir à sexta-feira a partir das 23h00, na Edição da Noite, é uma colaboração da Renascença com a EURANET PLUS, rede europeia de rádios.