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Consequências do "Não" escocês e o futuro da Catalunha

19 set, 2014 • Ricardo Conceição com Daniel Rosário e Anabela Góis

Às sextas-feiras olhamos para a semana que passou na Europa. Uma semana que fica marcada pelo referendo na Escócia que acabou com um "Não" à independência. Analisamos os resultados da votação, mas também as possíveis consequências no sonho independentista catalão.

Consequências do "Não" escocês e o futuro da Catalunha

Durante a campanha, o Primeiro-ministro britânico, que confessou estar nervoso ofereceu um reforço de poderes à Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales em caso de vitória do Não. E, esta manhã, à porta da residência oficial, David Cameron lembrou isso mesmo. À semelhança de outros líderes europeus, mostrou-se esta manhã “aliviado” com os resultados na Escócia.

Mas o assunto não morre aqui. Hoje mesmo, em Barcelona, é dado mais um passo para um referendo sobre a independência da Catalunha. É votada no Parlamento Regional a lei das consultas, que permite a consulta popular sobre a independência.

Esta manhã, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, veio elogiar a escolha dos escoceses. Mas, sobre a situação interna, nem uma palavra.

“Com esta decisão, os Escoceses evitaram as graves consequências económicas, sociais, institucionais e políticas que resultariam da separação do Reino Unido e da Europa”, afirmou.

Para o Primeiro-ministro espanhol, os escoceses “escolheram entre a segregação e a integração, entre o isolamento e a abertura, entre a estabilidade e a incerteza, entre a segurança e o risco certo. E votaram por uma nação favorável para todos: para eles, para o resto dos cidadãos britânicos e para o conjunto da Europa”.
No Visto de Bruxelas, tivemos em directo a enviada especial da Renascença a Edimburgo, que fez um retrato destes dias que antecederam a votação e da forma como os escoceses aceitaram o resultado da votação.

Em Bruxelas, o correspondente da Renascença Daniel Rosário explicou o porquê de a União Europeia ter respirado de alívio com o “Não” escocês. Foi, de resto, essa a expressão usada pelo presiednte do Parlamento Europeu, Martin Schulz, numa entrevista esta manhã a uma rádio. A reacção de Durão Barroso e Van Rompuy também foram analisadas.
 
A votação na Escócia foi acompanhada com particular atenção por parte dos catalães. Anabela Góis relata que chegou a haver envolvimento de independentistas catalães na campanha pelo “Sim”.

Presente em estúdio, Ramont Font, responsável pelas relações entre a Catalunha e os países lusófonos, explica que os catalães tinham uma posição “realista” e sabiam, lá no fundo, que o “Sim” ia perder na Escócia, embora esperassem que a margem da vitória do “Não” fosse menor.

E agora, Catalunha?
Ramon Font explica que este resultado pode vir a alterar algo na Catalunha. Ele lembra que as últimas sondagens feitas naquela região espanhola mostram que um em cada dez catalães gostaria de votar para decidir o seu futuro. Mas não é ponto assente que venceriam os independentistas.

“Isto serve aos partidários do referendo para chamar a atenção a Madrid que esta é a solução: votar para decidir o seu futuro”, afirma. Já quanto ao sonho independentista catalão, Ramon Font acha que pode ter saído um pouco enfraquecido na sua forma mais radical. Pode, no entanto, haver uma “terceira via”, em que se negoceiem as relações entre Madrid e Barcelona, “com regras do jogo diferentes das actuais”.

Entretanto, Ramont Font fala de um sentimento de decepção entre os catalães quanto à forma como a UE reagiu ao referendo escocês. Segundo ele, os catalães “não admitem estar nem meio minuto fora da União Europeia”, são “acérrimos europeístas” e não percebem por que é Bruxelas tanto temia um “Sim” escocês.