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Braço-de-ferro com a Rússia sem vencedor à vista

25 jul, 2014

O abate de um avião civil nos céus ucranianos voltou a centrar as atenções na situação naquele conflito que, na prática, é um braço-de-ferro entre o Ocidente e a Rússia de Putin.

A esta hora, em cima da mesa, estão mais sanções e mais duras. A Holanda ameaça apoiar medidas mais pesadas se a Rússia continuar a enviar armas para os rebeldes ucranianos.

Os embaixadores dos países da União Europeia estão a discutir desde quinta-feira, em Bruxelas, a imposição de sanções económicas à Rússia, sobretudo destinadas a atingir o sector financeiro daquele país.

Em causa estão as chamadas sanções de “nível 3”, reservadas pela União como último recurso e cuja porta foi aberta na sequência da queda do avião das linhas aéreas da Malásia no Leste da Ucrânia e do apoio de Moscovo aos grupos separatistas que actuam naquela zona do país.

No entanto, os diplomatas poderão remeter uma eventual decisão tão delicada para os líderes dos 28, que poderão ser convocados para uma reunião extraordinária, ou esperar pelo próximo encontro, agendado para 30 de Agosto.

Além disso, o facto de estas medidas estarem a ser discutidas está longe de significar que as mesmas venham a ser adoptadas, uma vez que a sua implementação tem que ser aprovada por unanimidade.

Este arsenal de medidas foi elaborado pela Comissão Europeia e incide sobre quatro áreas: mercado de capitais, defesa, bens de dupla utilização e tecnologias sensíveis, incluindo no sector da energia.

Mas as propostas são particularmente incisivas no primeiro capítulo, propondo a proibição da compra de dívida e instrumentos financeiros similares emitidos por instituições financeiras estatais russas.

O objectivo é limitar o acesso destas instituições ao mercado de capitais, “aumentando o seu custo de financiamento e limitando assim a sua capacidade de financiar a economia russa”.

Ana Gomes pede posição mais dura por parte de Bruxelas
Daniel Rosário falou com a eurodeputada socialista Ana Gomes sobre esta crise que afecta a Europa. Ana Gomes é uma das personalidades mais activas na condenação da Rússia de Vladimir Putin e diz que a União Europeia vai ter de assumir um papel mais duro na condenação de Moscovo.

“Mesmo os governos que têm expectativa de relacionamento económico com a Rússia têm de rever a sua posição por pressão das opiniões públicas e porque há uma escalada por parte de Moscovo”, afirma.

“Há governos que arrastam decisões, como a França, que vende navios de guerra à Rússia”, mas terão de endurecer a sua posição, defende Ana Gomes. E a União Europeia tem de tomar medidas de embargo da venda de armas.

“Há hipocrisia e contradições dentro da própria UE com trocas de acusações entre França e Reino Unido, porque Londres também é uma capital muito procurada pelos oligarcas russos para lavar dinheiro”, acusa a eurodeputada.   
 
Bruxelas tem de decretar sanções “que efectivamente doam” à Rússia de Putin, sublinha a socialista.

“Se fosse preciso identificar diferentes interesses na Rússia por parte de países europeus, diríamos que há empresas relacionadas com a energia, mas outras vêem o mercado russo como um mercado importante”. E isso, diz Ana Gomes, tem de mudar. “É no plano económico e financeiro que a Europa tem de agir”.