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Porque é Juncker um grão na engrenagem europeia?

13 jun, 2014 • Daniel Rosário e Sandra Afonso

No programa desta semana, analisamos o porquê dos obstáculos postos à eleição de Jean Claude Juncker como sucessor de Durão Barroso. Recordamos ainda o encontro inter-religioso em Bruxelas e o Fórum Económico Anual.

Não está fácil a escolha do novo presidente da Comissão Europeia. Jean-Claude Juncker,  o candidato do grupo partidário mais votado nas eleições para o Parlamento Europeu - o PPE - parecia ter um caminho simples  para o lugar até agora ocupado por Durão Barroso, mas os obstáculos têm sido mais que muitos e nada garante que o antigo Primeiro-ministro luxemburguês consiga ultrapassá-los todos.

A Renascença falou com Marco Incerti, investigador do Centro de Estudos de Política Europeia, um dos mais importantes “think tanks” de Bruxelas, que nos ajudou a perceber o que é que está em causa.

Diz que as hipóteses de Juncker ainda são de 50% e que se trata de uma tentativa do Conselho Europeu e dos seus membros de reafirmar as suas prerrogativas. Eles pensam que são eles que têm a necessária legitimidade democrática para escolher o presidente da Comissão Europeia, dizem que o Tratado lhes dá o direito de propor um candidato e que não é o Parlamento Europeu que tem que lhes dizer quem deve ser esse candidato.


Encontro inter-religioso na capital europeia
Ainda em Bruxelas, os líderes religiosos e as instituições europeias reuniram-se esta semana contra a intolerância. Durão Barroso foi o anfitrião deste encontro que juntou 19 líderes religiosos.

A intolerância, o extremismo e a violência em nome da religião estiveram no centro das atenções, com o recente ataque ao Museu Judaico na capital belga ainda fresco nas memórias. Os participantes observaram um minuto de silêncio em homenagem às vítimas desse atentado.

No encontro participaram representantes das instituições europeias e líderes religiosos de igrejas e comunidades cristãs, muçulmanas, judias, sikhs, hindus e mórmons.

O tema do encontro deste ano foi “O Futuro da União Europeia” com especial atenção para o resultado das recentes eleições europeias, em que a abstenção e o aumento do voto de protesto em vários países foram interpretados à luz das dificuldades económicas e sociais que se vivem em vários países. Mas Reihnard Marx, arcebispo de Freising e Munique, insiste que só resolvendo os problemas concretos das pessoas, como o desemprego, é que a União Europeia conseguirá aproximar-se dos cidadãos.


Portugal no centro do Fórum Económico Anual
Portugal foi, por estes dias, um dos países mais falados nos encontros europeus, mas está a sair das conversas de corredor. Passou a ser visto como um bom aluno. A prova surgiu no 15º Fórum Económico Anual, que se realizou esta semana em Bruxelas e que foi acompanhado pela enviada especial da Renascença Sandra Afonso.

Desta vez a Ministra das Finanças de Portugal foi uma das oradoras convidadas, para explicar como está o país a usar o dinheiro que nos emprestaram para sairmos da crise.

A Renascença falou também com Reza Moghadam, director do departamento europeu do FMI, que explicou que a melhor forma de garantir o crescimento da economia é concentrarmos os objectivos a atingir, em vez de nos dispersarmos em diversos indicadores como acontece actualmente, por imposição das regras comunitárias.

Outra questão em aberto são os testes de stress aos bancos europeus, esperados para Setembro. Desta vez, estão nas mãos do BCE e, ao que apurámos, são aguardados com tranquilidade pelo executivo comunitário, que confia plenamente no trabalho que tem sido feito pelos bancos centrais de cada país.