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Grécia. "Empurrar com a barriga com uma carta do ministro sex-symbol"

27 fev, 2015 • José Pedro Frazão

Vem aí a parte mais difícil da negociação grega, concordam Santana Lopes e António Vitorino. Entre o que Varoufakis escreveu ao Eurogrupo e o resultado final do processo, haverá quatro meses de muitas discussões entre Atenas e Bruxelas.

Grécia. "Empurrar com a barriga com uma carta do ministro sex-symbol"
Vem aí a parte mais difícil da negociação grega, concordam Santana Lopes e António Vitorino. Entre o que Varoufakis escreveu ao Eurogrupo e o resultado final do processo, vêm aí quatro meses de muitas discussões entre Atenas e Bruxelas.

Pedro Santana Lopes considera que foi encontrada uma solução "politicamente hábil" para o impasse grego, da qual fez parte "aquele discurso inesperado do senhor Juncker".

O antigo primeiro-ministro defende, em declarações no programa "Fora da Caixa", uma parceria Renascença/Euranet, que a extensão da negociação por quatro meses é "outro empurrar com a barriga".

"Estamos a entrar na fase mais difícil, que é especificar o que está na carta do 'ministro "sex symbol", afirma Santana Lopes, ironizando com Varoufakis: "Vou lendo que ele é considerado um personagem bombástico".

António Vitorino concorda com a importância dos detalhes contidos na carta de Atenas. "A reforma do IVA, por exemplo, quer dizer tantas coisas... É isso que agora tem que ser discutido", diz o antigo comissário europeu, considerando que o "jogo" só agora começa a ser jogado com estas negociações.

Santana Lopes deixa mais exemplos: "Vamos ver como as coisas evoluem nesta definição do que vão ser estas reduções das despesas dos ministérios, das privatizações que avançam ou não, da especificação dos níveis do IVA. Há tanta coisa interessante para especificar e que vai dar cabo da cabeça...".

O antigo primeiro-ministro prevê muitas horas extraordinárias para ambas as partes nas próximas semanas. " Se este trabalho da carta foi feito num fim-de-semana, julgo que nestes quatro meses não vai haver fins-de-semana para ninguém. Bruxelas e Atenas vão ter muito para fazer".

Já para o ex-comissário europeu, o espaço de quatro meses serve para negociar "com razoabilidade e não debaixo da pressão de uma iminente bancarrota, como estava a acontecer com a Grécia".

"Ainda bem que houve uma solução de bom senso, da parte dos gregos e dos restantes países da União Europeia, a começar pela própria Alemanha. Agora, isso não garante o resultado final", sublinha Vitorino.

O programa "Fora da Caixa" é uma parceria Renascença/Euranet, para ouvir depois das 23h00 de sexta-feira.