25 nov, 2014 • Pedro Caeiro com Reuters e Lusa
Numa entrevista à Reuters, o vice-presidente da Comissão Europeia, Andrus Ansip diz suspeitar de algumas das principais empresas e da hipótese de estarem a abusar de seu poder no mercado digital.
“Temos algumas dúvidas sobre o uso indevido de posições ‘gatekeeper’ e, também, de posições de liderança nos mercados”, afirma na entrevista, ressaltando que não se está a referir a qualquer empresa em particular, nem a antecipar a conclusão da investigação que decorre sobre a Google e que está a ser liderada pela comissária Margrethe Vestager.
A Europa teré de “investigar com muito cuidado” todos esses problemas e, depois, “encontrar as soluções possíveis”, afirma a comissária, que acrescenta que as decisões só podem ser tomadas depois de um debate público alargado.
A resolução da semana passada, em que se pede à Comissão que ponha um freio no domínio Google funcionou “como um lembrete para a nova equipa que agora foi eleita, que assumiu o cargo este mês”.
Europa tenta dividir Google em duas empresas diferentes
O relacionamento do Google com os órgãos reguladores da União Europeia sempre foi complicado, mas a situação pode piorar num futuro não muito distante. O Parlamento Europeu já estuda propor a divisão da companhia em duas empresas menores. Com esta medida, a Europa tentaria dividir o Google, pondo de um lado o motor de busca, e todos os outros serviços, oferecidos normalmente de forma gratuita, do outro.
A medida justifica-se, alegadamente, com o facto de a Google dominar o mercado de buscas, mas, sobretudo, por destacar principalmente os seus produtos nos resultados, o que dificulta a geração de receitas por parte dos concorrentes, numa espécie de monopólio disfarçado.
Segundo o Financial Times, o documento que propõe a divisão está a ser suportado pelos dois maiores partidos do Parlamento Europeu. Mas a verdade é que Estrasburgo não tem o poder necessário para dividir o Google. É possível pressionar a Comissão Europeia, essa sim, com os poderes para decidir algo do género.
De acordo com a publicação, a proposta deve ser finalizada esta semana, antes de uma votação agendada para quinta-feira.