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É o Espírito Santo que escolhe o Papa?

12 mar, 2013 • Filipe d’Avillez

O Espírito pode agir através dos Cardeais, desde que estejam abertos a isso, mas a única certeza que a Igreja ensina é que a Sé de Roma nunca ensinará o erro doutrinal.  

É o Espírito Santo que escolhe o Papa?
Em contexto de Conclave, muito se tem falado sobre o papel do Espírito Santo na escolha do próximo Papa e torna-se habitual ouvir dizer, entre católicos, que será Ele a escolher quem se vai sentar na cadeira de Pedro.

Contudo, não é isto que a Igreja ensina. Aliás, dificilmente se explicaria que João XII ou Alexandre VI, o famoso Borgia, tivessem sido escolhidos para o cargo directamente por Deus.

Maria Cortez Lobão, licenciada em Teologia, explica que o Espírito Santo nunca age contra a liberdade de ninguém, incluindo os cardeais. "Cada um dos cardeais, com as suas características e os seus dons, quer pôr esses dons ao serviço de Deus. Como o Espírito Santo trabalha através de - e não contra - os dons, podemos dizer que o Espírito está presente no Conclave e faz com que o coração de cada um se abra àquilo que é a perspectiva do que é preciso para a Igreja neste momento."

Se é verdade que o fim dos poderes temporais da Igreja fez com que o Papado se tornasse menos "apetecível" por quem tem intenções menos nobres, continua a existir a possibilidade de os cardeais errarem na sua escolha. O que não pode acontecer, segundo a doutrina da Igreja, é que um Papa, por pior que seja, atente contra a verdade da fé.

"Bento XVI disse a certa altura que pela promessa de Jesus - que fica connosco até ao fim dos tempos e que as portas do Inferno não prevalecerão contra a Igreja - temos a certeza de que o erro não vai ser ensinado e não vai prevalecer. Até os Papas menos desejáveis nunca ensinaram nada contra o depósito da fé", explica Maria Cortez de Lobão, em referência à doutrina e à fé que os primeiros apóstolos deixaram à Igreja e que nem os Papas mais perversos alteraram.

"Dá-nos uma grande confiança saber que quem conduz a Igreja é de facto Jesus, como o Papa [Emérito] disse antes da última audiência. Por isso, temos de ter toda a confiança e serenidade, apesar dos nossos erros", conclui Maria Cortez Lobão.