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"Não me admirava que fossem divulgados segredos do Conclave"

12 mar, 2013 • Filipe d’Avillez

Guarda Suíça e Gendarmeria do Vaticano estão encarregadas da segurança e de garantir o segredo das votações, mas recentes fugas de informação levantam dúvidas sobre a sua capacidade, diz um especialista ouvido pela Renascença.

"Não me admirava que fossem divulgados segredos do Conclave"

A esta hora, todos os cardeais já fizeram o seu juramento de guardar total segredo de tudo o que se passar dentro do Conclave. O mesmo já fizeram também todos os auxiliares que estão autorizados a permanecer no interior da Capela Sistina e da Casa de Santa Marta.
 
Ainda assim, o comentador católico americano Robert Royal, autor de um livro sobre a Guarda Suíça, diz que o que tem visto nos últimos dias em Roma levanta dúvidas sobre a capacidade das forças de segurança do Vaticano.

"A supervisão do segredo das operações cabe à Gendarmeria, a polícia do Vaticano, e há dúvidas sobre se estão a fazer um bom trabalho. É suposto estarem a bloquear os sinais electrónicos, o que nem sempre tem acontecido. Vai ser interessante ver se isto continua depois de começar o Conclave."

Feito o juramento, a pena por revelar intencionalmente o que se passou no interior da Capela Sistina é de excomunhão automática. Robert Royal não descarta que terceiros possam tentar usar tecnologia do exterior para espiar os procedimentos. "Saberemos logo nos primeiros dias se há relatos do que se está a passar. Não me admirava que houvesse engenhos electrónicos a fazê-lo."

Robert Royal, autor, colunista católico e editor do site The Catholic Thing, explica que no passado a informação saía depois de o Conclave estar terminado. Muitas vezes eram os próprios cardeais a revelar o que tinha sucedido, às vezes de forma não intencional: "Mas desta vez penso que poderemos assistir a um Conclave electronicamente mais poroso".

Embora este aspecto mais tecnológico caiba à Gendarmeria, composta por italianos, a segurança física dos cardeais cabe à Guarda Suíça. Mais de 500 anos depois da criação desta força militar, a única em que os suíços estão autorizados a participar fora do seu país, Robert Royal garante que a função simbólica e cerimonial destes soldados é só uma parte do seu papel.

"Quando escrevi o meu livro sobre os 500 anos da Guarda Suíça, perguntei-lhes se estavam satisfeitos com a sua capacidade de defender o Vaticano depois do 11 de Setembro. Não quiseram entrar em detalhes, mas disseram que tinham reavaliado os seus métodos e estavam satisfeitos. Por isso, presumo que dispõem de armamento muito sério caso precisem de o usar. Sabemos que os suíços adoram armas de fogo, adoram tiro ao alvo. Ao contrário da imagem que as pessoas às vezes têm deles, apreciam armas e sabem usá-las com perícia. Sabem o que estão a fazer", garante Robert Royal.