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Igreja jovem e cheia de vigor em África

08 mar, 2013 • Filipe d'Avillez

A crise das vocações, de que tanto se fala na Europa, não é uma realidade africana. A prática religiosa é forte.

Igreja jovem e cheia de vigor em África

Em 1910 a população católica na África Subsaariana era de 1 milhão e 220 mil, o que correspondia a menos de 1% da população católica a nível global.

Cem anos mais tarde esse valor aumentou para os 16%. Em números concretos, há mais 170 milhões de católicos em África do que havia há um século. E os números continuam a aumentar, à medida que os países ocidentais tradicionalmente cristãos entram em declínio demográfico.

Estes números dizem respeito apenas à população católica e não à população cristã em geral. Nesse campo os cristãos formam cerca de 45% da população, mais ou menos o mesmo que o Islão.

Esta realidade traduz-se numa Igreja jovem e cheia de vigor. A crise das vocações, de que tanto se fala na Europa, não é uma realidade africana e a prática religiosa é forte. Mas a proximidade com o Islão gera também um grande potencial de conflitos, sobretudo quando a fronteira religiosa que separa África mais ou menos em duas partes, com o Norte muçulmano e o Sul Cristão, atravessa países. É o que acontece na Nigéria, onde tem havido muita violência inter-religiosa nos últimos anos, principalmente com ataques a cristãos.

A situação dos cristãos em países de maioria islâmica nem sempre é fácil, sobretudo quando os países em causa aplicam a lei islâmica, que limita a acção das outras religiões.

Com a população católica a nível mundial concentrada cada vez mais no hemisfério Sul é natural que muitos se questionem sobre a possibilidade de eleger um Papa africano ou latino-americano. De África muito se tem falado do cardeal Ganês Peter Turkson mas é evidente que existe ainda um desequilíbrio na representação dos cardeais, com apenas 11 africanos, num total de 115 eleitores, o equivalente à representação dos Estados Unidos, que conta com apenas 7% da população católica mundial.

"Tribalismo é um mal terrível"
Um dos problemas que mais preocupa a igreja em África é o tribalismo, afirma o padre nigeriano Michael Umob, em declarações à Renascença.

“É um problema sério e triste na vida nacional e na vida da Igreja. É doloroso verificar que há cristãos, mesmo em altos cargos eclesiásticos, que ainda não se converteram verdadeiramente.”

Para este sacerdote nigeriano, trata-se de um "problema profundo de falta de conversão, é um problema que vem de cima e os efeitos são significativos e afectam a realidade". "O tribalismo é um mal terrível”, conclui.