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"É um Papa que começa inclinado perante o mundo"

14 mar, 2013 • Matilde Torres Pereira

Cardeal jesuíta Jorge Mario Bergoglio, agora Papa Francisco, inclinou-se perante a multidão que o celebrou na Praça de São Pedro. Gesto que não passou despercebido.

"É um Papa que começa inclinado perante o mundo"
Miguel Machado, 26 anos, é um dos fundadores do "Eu Acredito", movimento de jovens com o Papa, e é antigo aluno do Colégio São João de Brito, de jesuítas. Esta quarta-feira, diz que o coração "começou a bater como os sinos de São Pedro" quando viu o fumo branco. Quando soube que o eleito era um jesuíta, sentiu-se tocado. Depois, acabou arrebatado com um gesto.

"Aquilo que mais me impressionou de tudo neste dia foi este gesto dele, antes de dar a bênção ao mundo: inclinar-se perante o mundo a receber a bênção dele. É um Papa que começa inclinado perante o mundo e é uma coisa que me arrebatou."

Miguel Machado diz que a eleição do jesuíta argentino Jorge Maria Bergoglio foi "uma surpresa enorme". "Costumava-se dizer que na altura do Concílio Vaticano II tinham encarregado a Companhia de Jesus de ser a guardiã do legado do Concílio e, de facto, este gesto lembrou-me isso. Um Papa que se põe ao mesmo nível dos leigos é uma coisa que na Igreja nunca existiu. Senti neste discurso dele uma maneira de nos convidar a todos a participar neste pontificado que começa e mexeu muito comigo."

Para o antigo aluno do Colégio São João de Brito, "este nome Francisco quer dizer muitas coisas". “Quer logo dizer uma coisa grande na Igreja, que é o São Francisco de Assis, mas que quer dizer São Francisco Xavier para os que são educados pelos jesuítas. São dois santos claramente universais. Acho que a escolha deste nome revela uma vontade de mudar de imensas maneiras."

Miguel Machado lembra ainda uma história que o marcou na biografia do novo Papa. "As imagens mais simbólicas são de há uns anos num hospital na Argentina, já era ele cardeal. Era na altura da Páscoa e em vez de lavar os pés aos 12 apóstolos, lavou e beijou os pés a 12 doentes com sida, que são hoje em dia o mais leproso que pode existir no mundo moderno. Ele é assim, profundamente curvado."