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Imprensa internacional destaca Papa que veio do "fim do mundo"

13 mar, 2013 • Ana Carrilho

Jornal argentino sublinha o facto do cardeal Jorge Mario Bergoglio ter dispensado o palácio eclesiástico, que trocou por um quarto modesto; de andar de transportes públicos até há pouco tempo e de preparar as suas próprias refeições.

A notícia da eleição do novo Papa Francisco, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, é destaque na imprensa um pouco por todo o mundo, com referência às primeiras palavras do sucessor de S. Pedro: “Foram buscar-me ao fim do mundo”.

É o caso do argentino “El Dia”, que preenche a primeira página com a foto de um Jorge Bergoglio sorridente, a acenar à multidão que se concentrou na Praça de São Pedro, no Vaticano.

Argentino, jesuíta, arcebispo de Buenos Aires, por vezes polémico nas suas intervenções e o segundo mais votado a última eleição, atrás de Joseph Ratzinger, são alguns pontos destacados pelo jornal.

Entre a muita informação que disponibiliza, destaca-se o trabalho feito com o biógrafo oficial do novo Papa, Sergio Rubin, e que revela alguns pontos da sua personalidade.  Refere-se a Jorge Bergoglio como alguém que ao longo da vida se especializou no trabalho pastoral que muitos consideram essencial para a Igreja.

Académico mas não teórico, é considerado um líder na América Latina, a região do mundo com a maior percentagem de católicos. Discreto e com um estilo pessoal que nada tem a ver com o esplendor de Roma, o autor da biografia autorizada “El Jesuita” sublinha o facto do Jorge Bergoglio ter dispensado o palácio eclesiástico, que trocou por um quarto modesto; de andar de transportes públicos até há pouco tempo e de preparar as suas próprias refeições.

Sergio Rubin diz ainda que o novo Papa Francisco tem uma noção muito própria de pobreza. Por exemplo, quando foi nomeado cardeal, convenceu centenas de argentinos a não o acompanhar a Roma para celebrar com ele e em vez disso, doar esse dinheiro aos pobres.

O escritor considera ainda que Jorge Bergoglio teve um papel fundamental na modernização da Igreja argentina. Apesar de moderado e flexível, as suas posições doutrinais e espirituais vão ao encontro dos legados de João Paulo II e Bento XVI.

Sergio Rubin não hesita em dizer que, provavelmente, o Arcebispo de Buenos Aires incitaria  os cerca de 400 mil sacerdotes de todo o mundo a sair para a rua para conquistar mais almas.

O “El Dia” dá ainda destaque às celebrações que se iniciaram na catedral da capital argentina assim que se soube o nome do novo Papa e em que já participam centenas de pessoas.

No Brasil, o país com o maior número de católicos do mundo, o facto da escolha dos cardeais ter recaído num sul-americano é destacado.

Por exemplo, no jornal “O Globo” também sublinha a luta de Jorge Bergoglio para manter os fiéis unidos durante o tempo da ditadura.

Citando o jornal argentino “Clarim”, o diário brasileiro refere que o cardeal normalmente adopta posturas progressivas no seio da Igreja, aponta a reforma da Cúria Romana como uma das suas prioridades e refere a critica que ainda há poucos meses Jorge Bergoglio fez aos sacerdotes que se recusavam a baptizar filhos de mães solteiras, chamando-lhes “hipócritas”. Afirma ainda que o novo bispo de Roma é um forte oponente do casamento entre homossexuais.

O “Diário de S. Paulo” é um pouco mais lacónico, a que não será alheio o facto do cardeal Odilo Schrer, arcebispo de São Paulo, ser apontado como forte candidato à cadeira de S. Pedro. 

Numa notícia relativamente pequena refere que o cardeal argentino foi eleito à quinta votação. Diz ainda que antes e após o anúncio, os milhares de fiéis que estavam na Praça de S. Pedro  gritaram com entusiasmo “Viva o Papa”.

Na Venezuela, a notícia da eleição do Papa Francisco retirou destaque à guerra eleitoral pós-Chavez. O “El Mundo”  apresenta Jorge Bergoglio como um jesuíta austero, de tendência moderada, tímido e de poucas falas mas que goza de grande prestígio entre os seus seguidores, que apreciam a sua total disponibilidade e a sua forma vida, longe de qualquer ostentação.