Emissão Renascença | Ouvir Online

Marcelo critica "partidos envelhecidos e ultrapassados"

24 abr, 2014

Ex-líder do PSD é um dos convidados do Conselho de Directores especial desta quinta-feira, sobre os 40 anos do 25 de Abril.

Marcelo critica "partidos envelhecidos e ultrapassados"
Ex-líder do PSD é um dos convidados do Conselho de Directores especial sobre os 40 anos do 25 de Abril. Marcelo Rebelo de Sousa critica os partidos e Cavaco Silva, defende um acordo entre PS e PSD e considera que Pedro Passos Coelho está a trabalhar para a História e que isso, por vezes é mau.

Os partidos estão "ultrapassados" e “não são auto-reformáveis”, critica o ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações ao programa “Conselho de Directores” da Renascença.

Num debate sobre os 40 anos do 25 de Abril, o Professor de Direito faz o diagnóstico: os partidos estão mal e o sistema não permite a sua reforma. 

“As directas significam que quem controlar uma dezena ou uma dúzia de secções, com homogeneidade de voto, ganha uma [eleição] directa no partido. Sem o país se aperceber, não há grande debate nacional. Os partidos estão envelhecidos, ultrapassados na sua própria estrutura administrativa. Não têm circulação interna ascendente e descendente. Não são auto-reformáveis. Só mudam por factores exógenos como a reforma eleitoral.”

Para Marcelo Rebelo de Sousa, “o sistema está montado” para “favorecer os dois maiores partidos”, PSD e PS, e ou a sociedade portuguesa “se mexe” ou eles “fagocitam”, devoram tudo.

Sobre a maneira de fazer política, o comentador considera que os partidos transformaram a campanha para as eleições europeias de 25 de Maio “numa inexistência” e, “pior do que isso, os partidos têm cada vez mais dificuldade” em chegar a consensos. “Mais o país precisa, pior se dão eles”, lamenta.

"Campanha eleitoral vai durar um ano e meio"
Portugal “precisa de consenso interpartidário”, entre PS e PSD, defende Marcelo Rebelo de Sousa.

Sempre apontado como candidato presidencial, Marcelo critica o Presidente da República, Cavaco Silva, por ter ido visitar as ilhas Selvagens, no Verão do ano passado, quando tentava encontrar esse acordo.

“[O entendimento]Tinha tido uma vantagem essencial: nós não esperarmos, como vamos esperar, um ano e meio por legislativas. Vamos sair das europeias e o país podia ter eleições legislativas até ao fim do ano. Vai estar em campanha eleitoral no pós-troika um ano e meio”, afirma.

Sobre a prestação do primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa considera que Pedro Passos Coelho não está agarrado ao poder.

“Acho que Passos Coelho tem uma visão, para bem e para mal, e às vezes para mal, que é a seguinte: ‘eu estou a trabalhar para a História. Se sair, saio’. Não está apegado ao poder. Não sei se [António José] Seguro tem o mesmo desapego de poder, mas também Seguro ainda não foi poder”, concluiu Marcelo Rebelo de Sousa.

O programa desta semana contou também com Graça Franco, directora de Informação da Renascença; Pedro Santos Guerreiro, director executivo do Expresso; e Henrique Monteiro, director editorial do grupo Impresa.

As próximas eleições presidenciais e uma eventual candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa foram outro tema em debate no "Conselho de Directores".