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Um Ano da Fé para um mundo em crise

10 out, 2012 • Filipe d’Avillez

Papa tem-se focado sobretudo na Europa e no mundo ocidental, que considera terem-se afastado perigosamente das suas raízes cristãs. Para tentar emendar esse caminho, a Igreja proclama uma iniciativa a pensar na nova evangelização.

Um Ano da Fé para um mundo em crise
Papa de visita a Malta. Bento XVI reza na gruta de São Paulo, na cidade de Rabat no primeiro dia da sua deslocação à ilha mediterrânica. EPA/L'OSSERVATORE ROMANO/POOL
A proclamação de um "Ano da Fé", que tem início esta quinta-feira na Igreja Católica, não pode ser entendida como um acto isolado, mas sim no contexto da linha que tem orientado o pontificado de Bento XVI. É o próprio Papa que o diz na carta apostólica "Porta Fidei", na qual proclama oficialmente o evento.

"Desde o princípio do meu ministério como Sucessor de Pedro, lembrei a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo."

Neste caminho, o Papa tem-se focado sobretudo na Europa e no mundo ocidental, que considera terem-se afastado perigosamente das suas raízes cristãs. Para tentar emendar esse caminho, surgiu a iniciativa de criar um departamento para pensar a "Nova Evangelização". Foi convocado um sínodo, que decorre durante estas semanas, para que os bispos de todo o mundo possam partilhar as suas ideias e experiências sobre precisamente esta "nova evangelização". Apesar de ter tido início uns dias antes do começo do Ano da Fé, o Papa deixou bem claro que o sínodo decorre no contexto desta iniciativa e não à margem.

Num documento publicado no site dedicado ao Ano da Fé, iniciativa que termina em Novembro de 2013, há uma série de recomendações e sugestões de iniciativas para assinalar o ano. Estas incluem peregrinações, sobretudo a Roma e à Terra Santa, o estudo dos documentos conciliares e do Catecismo e até eventos ecuménicos. Aos jovens é particularmente recomendada a participação nas Jornadas Mundiais da Juventude, no Rio de Janeiro, marcadas para Agosto do próximo ano.

No final da sua carta apostólica "Porta Fidei", Bento XVI deixa bem claro o seu objectivo. "Possa este Ano da Fé tornar cada vez mais firme a relação com Cristo Senhor, dado que só n’Ele temos a certeza para olhar o futuro e a garantia de um amor autêntico e duradouro."

O dia de todos os aniversários
A data do início do Ano da Fé também está cheia de simbolismo. Por um lado, existe o incontornável marco dos 50 anos do início do Concílio Vaticano II. Por outro, o vigésimo aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica.

O Concílio, sem dúvida o principal evento da Igreja do último século, teve por objectivo principal aproximar a Igreja do mundo moderno para melhor poder interpelar e levar a Fé em Cristo aos homens.

"O Concílio Vaticano II tinha como objectivo delinear de novo a relação da Igreja com a idade moderna, não para se conformar a ela, mas para mostrar a este mundo que tende a afastar-se de Deus a beleza da fé em toda a sua grandeza. Para que todos os homens possam conhecer o Evangelho e encontrar o Senhor Jesus como Caminho, Verdade e Vida",  afirmou Bento XVI na sua audiência-geral de quarta-feira.

O catecismo, publicado em 1992, é um dos mais importantes instrumentos da Igreja para essa missão de mostrar ao mundo a beleza da fé, exposta de forma acessível e explicada. A publicação, mais tarde, de um Compêndio do Catecismo e de outros textos particulares de diferentes Conferências Episcopais, ou dirigidas especificamente a jovens, como o YouCat, dão continuidade a esse esforço.