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Passos Coelho desafia Belmiro de Azevedo a baixar preços

13 set, 2012 • Carlos Calaveiras

Patrões têm criticado o novo pacote de austeridade, porque temem impactos no consumo. Na resposta, o chefe do Governo pressiona os patrões a cortarem nos preços.

Passos Coelho desafia Belmiro de Azevedo a baixar preços
Se Belmiro de Azevedo tem medo de vender menos por causa dos cortes nos salários, que aproveite o facto de pagar menos TSU para baixar os preços ao consumidor, desafia Passos Coelho. Primeiro-ministro espera que a redução dos custos para as empresas possam provocar uma redução dos preços dos produtos.

O primeiro-ministro desafia o empresário Belmiro de Azevedo a baixar os preços dos produtos que vende. Em entrevista à RTP, Passos Coelho reagiu às críticas do "chairman" da Sonae, que critica os cortes ao rendimento dos portugueses. Belmiro de Azevedo diz que o povo está a ficar sem dinheiro para comprar coisas, Passos responde que é a oportunidade para Belmiro cortar nos preços.

"Se Belmiro de Azevedo tem medo de vender menos por causa dos cortes nos salários, que aproveite o facto de pagar menos taxa social única para baixar os preços ao consumidor", disse Passos esta quinta-feira, em entrevista à RTP.

O chefe do Governo deixou ainda outro conselho ao "chairman" da Sonae, empresa que é o maior empregador privado do país. Passos considera que o corte dos preços não deve ser feito pelo lado dos produtores, que já estão "esmagados", mas pelo lado dos preços. O primeiro-ministro deu o exemplo dos CTT e dos transportes públicos como sectores em que os preços devem baixar.

Belmiro de Azevedo foi apoiante de Pedro Passos Coelho nas últimas eleições, mas deixou fortes críticas ao último pacote de austeridade anunciado pelo Governo. O patrão da Sonae considera que as novas medidas vão ter um "impacto tremendamente negativo" na economia portuguesa.

"Quando se tira dinheiro ao povo, falta dinheiro para comprar coisas, quer seja na economia, quer seja nas empresas", disse recentemente Belmiro de Azevedo.

Governo diz que vai evitar despedimentos
Passos Coelho considera que "a economia não é feita só de consumidores" e que "o aumento das contribuições dos trabalhadores para a Segurança Social e o corte da taxa social única das empresas vai evitar que se despeçam trabalhadores". O primeiro-ministro reafirmou ainda na entrevista à RTP que o Governo vai procurar uma forma de proteger os rendimentos mais baixos quando as novas regras de contribuição para a Segurança Social entrarem em vigor.

"Isso será feito ou através de um crédito fiscal ou, se isso se revelar mais eficiente, através da diferenciação da própria taxa para a Segurança Social", para "garantir que os ordenados mais baixos não são afectados por esta medida", adiantou Passos Coelho.

De acordo com as medidas anunciadas  recentemente por Pedro Passos Coelho, os trabalhadores do privado e do Estado vão passar a fazer descontos de 18% para a Segurança Social, em vez dos actuais 11%. Na prática, os privados perdem mais de um salário líquido - no caso dos vencimentos mais elevados, o corte pode até ser de dois salários líquidos [se trabalhar no privado, pode fazer AQUI os cálculos concretos para o seu caso].

No sector público, a Frente Comum já apresentou as suas contas. Os funcionários públicos vão perder, em média, 52,5 euros mensais e o corte nos vencimentos pode ir até três salários.

No caso dos pensionistas, mantém-se o corte de dois subsídios. Para o ano, há um novo corte, que abrange pensões do público e do privado: valores acima dos 1.500 euros brutos podem ser cortadas até 10%.