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António Costa Pinto

Situação do PS "terá que se resolver muito rapidamente"

27 mai, 2014 • Pedro Rios

Não há “agora ou nunca” para um político como António Costa. Mas, depois de uma “vitória tangencial” nas europeias”, é “natural” que avance para a liderança. Haverá congresso? Depende dos notáveis, de Seguro e do aparelho, antecipa o politólogo António Costa Pinto.

Situação do PS "terá que se resolver muito rapidamente"

"Os partidos são imprevisíveis" e é difícil saber o que o PS vai fazer depois do anúncio de António Costa de que está "disponível" para candidatar-se à liderança do partido. "Toda a militância do PS está consciente de que, a haver um desafio à liderança, ele terá que se resolver muito rapidamente, sob pena, aí sim, de o PS se desarticular enquanto alternativa à actual coligação", diz o politólogo e professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.

Depois de uma vitória, mesmo que curta, esperava o anúncio de António Costa?
Não. Do ponto de vista da vida interna do Partido Socialista, é natural que o principal desafiador de António José Seguro, numa conjuntura de uma vitória tangencial, quando as expectativas eram mais elevadas, se apresente agora, pela segunda vez, como alternativa à actual liderança.

O que é que o PS vai fazer?
Não é fácil saber que impacto terá esta candidatura. Depende fundamentalmente da estrutura partidária do Partido Socialista – convém saber que estas decisões são fundamentalmente decisões internas. No entanto, evidentemente, provavelmente uma parte da militância do Partido Socialista será sensível à candidatura de António Costa nesta conjuntura.

As eleições de um novo líder fazem-se em congresso que, a ser extraordinário, tem de ser convocado pela Comissão Nacional, pelo secretário-geral ou pela maioria das comissões políticas de federações que representem também a maioria dos membros inscritos no partido. Ou seja: o aparelho e a direcção podem rejeitar a vontade de Costa.
Os partidos têm, para o melhor ou para o pior, uma autonomia grande relativamente à sociedade. Neste caso, tudo vai depender em primeiro lugar dos notáveis do Partido Socialista. Em segundo lugar, de António José Seguro (este é um ponto extraordinariamente importante, se vai lutar pela liderança ou não). Em terceiro lugar, as estruturas partidárias. Os partidos são imprevisíveis. O PSD já nos deu muitas vezes eleições internas extremamente polarizadas, o PS menos. 

Acha que haverá congresso extraordinário?
É muito cedo. O problema fundamental é que estamos a um ano das eleições legislativas. Toda a militância do PS está consciente de que, a haver um desafio à liderança, ele terá que se resolver muito rapidamente, sob pena, aí sim, de o PS se desarticular enquanto alternativa à actual coligação. Aí sim teríamos um problema sério de governabilidade em Portugal.

É o agora ou nunca para Costa?
Nunca há "agora ou nunca" para os políticos profissionais. Há oportunidades que se ganham, há oportunidades que se perdem. Mas, no caso de António Costa, dada a idade, a posição e o perfil, as suas oportunidades políticas ainda são muito significativas.

Uma nova liderança do PS ainda vai a tempo de se impor até às legislativas?
O anterior primeiro-ministro português conquistou o PS poucos meses antes de ganhar eleições e se tornar primeiro-ministro.