06 mar, 2013 • Raquel Abecasis
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal - CIP não tem dúvidas: quem manda no país é Vítor Gaspar, que põe e dispõe como entende. "O ministro da Economia tem ideias, como a famosa questão dos 10% de IRC, mas esbarra na impossibilidade que o ministro das Finanças diz existir, porque quem comanda de facto este país, ao contrário do que toda a gente pensa, não é o primeiro-ministro - é o ministro das Finanças", afirma António Saraiva no programa da Renascença "Terça à Noite".
O líder da CIP deixa duras críticas à actuação do Executivo de Pedro Passos Coelho e reconhece que "o acordo de concertação social mantém-se hohe muito mais por vontade dos parceiros do que do Governo, que tem, de uma forma errática, mantido a concertação social em banho-maria".
António Saraiva também não poupa o Presidente da República, que acusa de "um silêncio ensurdecedor". O presidente da CIP refere que Cavaco Silva está muito aquém daquilo que se esperaria de um Presidente num momento difícil como o que enfrenta Portugal. António Saraiva defende que o chefe de Estado devia empenhar-se em "exigir aos partidos acordos de regime".
O antigo engenheiro da Lisnave critica ainda a posição de alguns patrões e banqueiros, que dizem que o país "aguenta, aguenta". António Saraiva discorda e afirma que não há mais nada para aguentar. "O país não aguenta mais austeridade. Os reformados não suportam mais cortes, os nossos jovens não podem continuar a emigrar. Receio que a conflitualidade social possa ocorrer sem se saber quando. Pode ocorrer a qualquer momento."
O presidente da Confederação Empresarial de Portugal diz ter ficado com a convicção de que os financiadores de Portugal mudaram de ideias após o encontro com os representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Central Europeu (BCE) e da Comissão Europeia.
"Achei-os finalmente disponíveis para estes dois factos: primeiro, diziam-nos que a economia portuguesa estava viciada em crédito e já reconhecem hoje que há carência de crédito na economia, da mesma maneira que reconhecem que tem de haver uma política fiscal amiga do investimento."