10 jan, 2013
"Achámos que a melhor forma de assinalar este aniversário de Júlio Pomar era conseguir dar por concluída esta obra, que remonta a reinados quase da Idade Média", ironizou o presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), António Costa, sobre os 12 anos do início do projecto.
O autarca apontou esta quinta-feira o atraso na abertura do Atelier-Museu Júlio Pomar como um exemplo "de grande parte dos males do país", durante a cerimónia de pré-inauguração do novo espaço cultural, em que estiveram o artista, que hoje completa 87 anos e o responsável pelo projecto de remodelação do edifício, o arquitecto Álvaro Siza Vieira.
O imóvel, um antigo armazém do século XVII, próximo da Igreja de Nossa Senhora de Jesus, na freguesia das Mercês, tinha sido adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa, em 2000, com o objectivo de o recuperar para ali instalar o atelier.
O projecto de recuperação do edifício tinha sido adjudicado em 2006, e as obras arrancaram, mas sofreram sucessivas paragens por diversos motivos, um deles foi a insolvência de uma construtora.
António Costa disse que o projecto, da responsabilidade da CML em parceria com a Fundação Júlio Pomar, está praticamente concluído e deverá abrir ao público em Abril.
Custou globalmente cerca de 900 mil euros, mas seria menos, se tivesse sido mais célere. "É muito bom poder ver esta obra concluída. É um trabalho notável, de um arquitecto extraordinário, mas, um dia, alguém terá de fazer um estudo de como uma ideia que terá nascido há 12 anos, no tempo do João Soares [presidente da autarquia], leva tanto tempo a acabar", questionou.
António Costa salientou a perplexidade do caso, porque "havia simpatia, vontade, e interesse" de todos os presidentes da câmara seguintes, como Pedro Santana Lopes e Carmona Rodrigues, mas a obra nunca chegou a ser concluída.
"Havia um arquitecto extraordinário e um pintor extraordinário. Porque é que isto aconteceu?", questionou.
"Todos os outros presidentes da autarquia foram simpáticos, mas o ponto alto [a abertura] aconteceu sob a égide de António Costa", salientou Júlio Pomar.
A entidade vai acolher um acervo de 400 obras do artista, nascido em Lisboa, a 10 de Janeiro de 1926, e considerado um dos mais importantes criadores nas artes plásticas da História da arte no país.