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“Façam o sistema de justiça funcionar”

22 dez, 2012 • Daniel Rosário

Comissária europeia elogia a actuação do Governo português e sublinha que as reformas no sector devem avançar, mesmo que não sejam perfeitas.

A comissária europeia da Justiça apela aos diferentes actores do sector para não serem um entrave às reformas em Portugal.

Em entrevista à Renascença e jornal “Expresso”, Viviene Reding elogia a actuação do Governo e em particular da ministra da Justiça, e sublinha que as reformas no sector devem avançar, mesmo que não sejam  perfeitas.

A comissária europeia responsável pela Justiça considera que o sistema de justiça tem um papel fundamental no desenvolvimento da economia portuguesa. Por isso, apela aos diferentes actores deste sector para que ajudem e não travem as reformas que o Governo está a implementar.

“Quando se está numa situação como a de Portugal é preciso ter um ministro forte, que vá em frente e faça avançar as reformas. No fim, estas reformas podem não ser perfeitas, em relação a um ou outro elemento, mas isso não é importante. Façam-nas! Façam o sistema de justiça funcionar, para que possa resolver os problemas”, afirma Viviene Reding.

“Quando isso estiver feito, então poderão afinar aqui e ali. Mas não acredito que Portugal actualmente esteja num nível em que possa procurar a perfeição absoluta. Portugal está num nível em que precisa resolver problemas. E apelo a todos os actores no sector da justiça para que ajudem a avançar nesta direcção e não sejam um travão que dificulta os avanços de um governo muito disponível e de uma ministra da justiça muito capaz”, sublinha.

Viviane Reding faz uma avaliação positiva do trabalho realizado pelo Governo neste domínio no âmbito das medidas previstas no memorando de entendimento assinado com a União Europeia e o FMI e não poupa nos elogios à ministra Paula Teixeira da Cruz.

“A ministra fez um trabalho maravilhoso e comprometeu-se com esforços suplementares para prosseguir neste caminho e faremos tudo para a ajudar, porque isso será essencial para o desenvolvimento futuro de Portugal. Porque não se pode reconstruir uma economia forte, se não se tiver um sistema de justiça adequado."

A comissária luxemburguesa está actualmente a cumprir o seu terceiro mandato em Bruxelas, o segundo sob a presidência de Durão Barroso. O seu nome é referido com frequência como uma possível sucessora de Durão em 2014, mas a ex-jornalista tenta eludir a questão atirando a bola para o lado de… Barroso.

“Estou muito interessada nas minhas responsabilidades, que são muito importantes. Penso que temos presidente muito bom, que é mais novo do que eu, que ainda tem uma longa vida politica pela frente. Seria uma boa ideia se o José Manuel continuasse como presidente e se ele me quiser como sua primeira vice-presidente, também continuarei.”

Quanto aos rumores sobre o alegado interesse de Durão Barroso no cargo de secretário-geral das Nações Unidas, Reding limita-se a dizer que até ao momento o ainda presidente da Comissão Europeia não lhe manifestou qualquer intenção de abandonar Bruxelas.